
imagina que você tem um amigo. um amigo grandão, fanfarrão, cheio de dinheiro, sempre pagando a conta e dando as cartas na mesa do bar. ele era meio arrogante, mas no fundo, você confiava nele. ele tinha princípios, uma moral questionável, mas ao menos previsível. agora, imagina que esse amigo surtou. resolveu que ninguém presta, que todo mundo tá contra ele, que ele é o verdadeiro injustiçado. começa a mentir, a dar golpes, a se vender por qualquer coisa que brilhe e, o pior de tudo, fica instável. um dia te chama de irmão, no outro te trata como um inimigo que precisa ser esmagado. pois bem, esse amigo é a américa.
há uns anos, ela ainda tinha um papel decente no grande teatro geopolítico. agora? é o cara caindo de bêbado na calçada, berrando conspirações enquanto os passantes desviam o olhar, fingindo que não conhecem. claro, tudo isso tem um protagonista óbvio um ex-empresário de cassinos que governa como se estivesse administrando um esquema de pirâmide. mas o problema vai além dele. os eua viraram aquela empresa tóxica, com um rodízio de chefes incompetentes, onde os funcionários (o resto do mundo) vivem com medo de quem pode ser o próximo CEO lunático a assumir a cadeira.
e como qualquer empresa falida, os parceiros de negócios começam a pular fora. os europeus, que sempre foram os aliados fiéis, já entenderam que não dá mais pra contar com o tio sam. antes, a américa era o cara legal, um pouco arrogante, mas confiável. agora? um sócio traiçoeiro que pode te vender para o inimigo em troca de uma foto apertando a mão de algum ditador. os canadenses e mexicanos também já sacaram o esquema, a moda agora é ganhar popularidade falando mal dos eua, porque, convenhamos, quem não gosta de um pouco de schadenfreude?
mas não para por aí. a nova regra da política externa americana virou uma versão grotesca do clube do bolinha, tudo que for másculo, durão e implacável é bem-vindo. putin? durão, amigo. frança? europa? direitos humanos? fracos. e por favor, não ousem mencionar algo como diplomacia ou cooperação internacional. isso é coisa de losers. a moda agora é extorsão, ameaça e queima de pontes, tudo isso acompanhado de uma dose generosa de paranoia e um amor inexplicável por ditadores.
e o que acontece quando um ex-gigante confiável se torna um gângster inconstante? o mundo começa a se virar sozinho. os europeus percebem que talvez seja hora de parar de mendigar proteção americana e comecem a investir em suas próprias defesas. a alemanha, que há anos finge que não precisa de um exército sério, agora está abrindo a carteira para comprar armas. frança, inglaterra, japão, todo mundo começando a entender que se não tiver sua própria bomba nuclear, pode acabar sendo a próxima ucrânia.
e enquanto os aliados correm para garantir sua própria segurança, a china observa tudo isso com um sorrisinho no canto da boca. porque enquanto a américa age como um valentão de quinta categoria, a china finge ser o novo mocinho da história. “olha só como somos razoáveis, olha como queremos cooperação e crescimento mútuo”, dizem eles, enquanto passam a mão na cabeça dos europeus, oferecendo acordos comerciais e infraestrutura em troca de, bem, submissão silenciosa.
então aí estamos nós. um ocidente rachado, uma américa transformada em um cassino mal administrado, e um mundo pronto para mergulhar de cabeça em uma nova era de insegurança nuclear e alianças improváveis. e tudo isso porque alguém decidiu que o melhor jeito de ser grande de novo era destruir o único verdadeiro trunfo da américa, sua rede de aliados. no fim, trump pode até sair de cena, mas o estrago já foi feito. e se os americanos continuarem escolhendo líderes como quem escolhe o sabor do milkshake do dia, ninguém vai mais confiar neles. porque, sejamos honestos, você faria negócios com um cara que troca de personalidade a cada quatro anos e acha que isso é estratégia?