
eu já fui aquele idiota que achava que precisava responder tudo. toda cutucada, toda pergunta, todo comentário idiota. a pessoa falava, eu respondia. um estalo, uma frase. reação em tempo real, feito pop-up de site mal feito. como se minha honra, meu cérebro e meu lugar no mundo estivessem o tempo todo em jogo num debate imaginário.
mas aí o tempo passou, esse filho da puta irônico, debochado, cheio de truques. e eu fui ficando mais velho, mais cínico, mais perigoso. aprendi a olhar pra provocação como quem vê um pombo tentar jogar xadrez… faz barulho, caga no tabuleiro e acha que venceu. e eu? eu espero.
24 horas. não porque sou um monge ou um diplomata da ONU. mas porque descobri que é nesse intervalo que mora o poder. é ali, entre a vontade de explodir e a decisão de não dizer nada, que nasce a verdadeira superioridade.
não é sobre ser frio, é sobre ser letal. porque se eu respondo na hora, sou só mais um animal reagindo ao choque. agora, se eu espero… se eu deixo cozinhar em fogo lento… aí sim, quando falo, é como um bisturi. sem grito, sem espuma na boca. só uma frase. certeira. cirúrgica. e geralmente fatal.
nessas 24 horas eu penso. às vezes, só por esporte. penso se vale a pena, se tem graça, se merece o meu texto. e quase sempre, a resposta é não. porque eu poderia falar o que penso… e seria lindo, brutal, sincero, mas aprendi que o que precisa ser dito, quando dito do jeito certo, na hora certa, tem um impacto que nenhuma reação impulsiva vai alcançar.
porque às vezes, a resposta mais elegante é justamente não oferecer nenhuma. deixar que o silêncio grite por você, bem alto, bem claro, e sem errar o alvo.
e é nesse ponto, exatamente aí, que tudo muda. porque quando você se dá o luxo de esperar, de não morder a isca, de não correr atrás da última palavra, você percebe que a maioria das coisas que te tiravam do sério… simplesmente evapora. morre na praia. perde o sentido.
e o que sobra? sobra você, intacto. com o fígado no lugar, com a língua afiada ainda no coldre, pronto pra quando realmente for necessário. porque o mundo já tem gente demais vivendo no modo resposta automática.
eu escolhi esse caminho, aprendi a arte de não reagir. e, meus amigos, poucas coisas são mais perigosas do que isso.