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2025

meu estúdio

meu estúdio? ele não é um espaço fixo, não é um templo sagrado da criatividade com mesa de carvalho e luz natural filtrada por uma samambaia estrategicamente posicionada. ele é instável. mutante. um organismo vivo em plena crise de identidade e essa é justamente a graça. ele muda. muda o tempo todo. porque o que não muda, morre. e eu não tô aqui pra enterrar ideia nenhuma antes da hora.

é um lugar onde nada é fixo. nem a mesa, nem a rotina, nem o humor. onde a única certeza é que tudo pode e provavelmente vai virar outra coisa. hoje é um canto pra escrever, amanhã é ateliê, depois de amanhã é pista de corrida oficial da escuderia hot wheels, devidamente homologada pelo meu cofundador de 4 anos. o cara entra no estúdio como se fosse dono da porra toda, carregando uma frota inteira de carrinhos e uma convicção absoluta de que o espaço também é dele. e é mesmo.

a gente divide esse território como dois artistas dividindo uma tela… um risca com carrinhos, o outro com ideias. e às vezes os riscos se misturam e ficam melhores assim. ele me lembra, todos os dias, que criar é brincar. que o processo não tem que seguir lógica adulta. que movimento é regra. o estúdio se desmonta e se remonta com a naturalidade de quem sabe que a melhor coisa que já fez ainda nem foi feita.

não é sobre bagunça, é sobre liberdade. sobre permitir que o espaço acompanhe o ritmo interno das ideias, dos impulsos, das birras criativas. é sobre não se apegar nem ao que funciona, porque até o que funciona, uma hora, cansa. e quando cansa, a gente muda. move a mesa, derruba as certezas, começa de novo.

esse estúdio é meu espelho. torto, sim. mas honesto. e vivo. muito vivo.