
mãe.
não tem palavra mais gasta. mais usada. mais mal compreendida.
todo mundo acha que sabe o que é uma mãe.
ninguém sabe porra nenhuma.
mãe não é só afeto. mãe é construção civil emocional. é alicerce. é base.
ela é quem acorda antes de todo mundo e dorme depois.
ela é quem segura o volante do carro, a sacola do mercado, o boletim ruim, o exame que deu dúvida, o grito engasgado, o filho que não sabe o que quer da vida.
e segura tudo isso com uma calma que não existe em nenhum outro ser vivo.
ela amou você quando você era só barulho e necessidade.
te amou quando ninguém mais aguentava estar por perto.
te amou mesmo quando você foi cruel, porque todo filho já foi.
mesmo quando você falou merda, sumiu, deixou ela falando sozinha, virou as costas…
ela continuou ali.
porque mãe não se move por gratidão.
se move por um amor tão primitivo, tão feroz, tão completo, que beira o sobrenatural.
mãe é quem sangrou pra você nascer e depois continuou sangrando, invisivelmente, todo santo dia.
é quem abriu mão de coisa que você nunca vai saber e ela nunca vai contar.
ela nunca joga na cara.
ela só segue.
ela só cuida.
e quando você pergunta se ela precisa de algo, ela sempre diz…
não, filho. tá tudo bem.
mesmo quando não tá.
e um dia, ela vai.
e ninguém vai te avisar como lidar com o silêncio que ela deixa.
porque quando mãe vai, ela leva junto a única pessoa que achava graça nas tuas piadas ruins, que sabia teu cheiro de longe, que entendia teu olhar sem você dizer nada.
ela leva o colo.
e você, com sorte, vai lembrar de como aquele colo era tudo.
tudo.
então para.
fecha esse story com filtro fofo.
larga a flor murcha e o presente genérico.
olha pra ela.
vê a mulher ali.
não a mãe.
a mulher.
que teve medo.
que quis sumir.
que chorou em silêncio.
e mesmo assim… ficou.
ficou.
ficou.
feliz dia pra essas forças da natureza disfarçadas de gente.
pra essas mulheres que pariram o mundo e ainda pedem desculpa por ocupar espaço.
pra essas criaturas que mereciam estátuas em praça pública e ganham, no máximo, uma ligação atrasada.
elas são o que há de mais brutalmente bonito nesse planeta.
e a gente só percebe isso quando é tarde demais.
mas você tá vivo.
então corre lá.
abraça ela com a força de quem entendeu.
fala com a voz embargada…
“mãe, caralho… obrigado por tudo.”
ela vai rir.
vai dizer “deixa disso”.
vai te oferecer comida.
porque mãe, até no dia dela, só quer saber se você comeu.