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2024

minha marca favorita

todo mundo acha que eu sou fã da apple. é fácil entender por quê – iphone no bolso, macbook na mesa, e aquele visual todo minimalista que eles vendem. mas a verdade é que a marca que realmente me fisgou, aquela que eu realmente admiro, é a patagônia. e olha, não é por causa de estilo ou status. é porque a patagônia, ao contrário do resto, não tá interessada em fazer você consumir mais. eles querem é te fazer pensar. é como um antídoto para o veneno que o capitalismo tradicional despeja em todo mundo. patagônia faz você se perguntar: será que eu realmente preciso de mais uma coisa?

essa mentalidade ficou clara na primeira vez que entrei numa loja deles. eu tava lá, pronto pra comprar um casaco novo, só mais uma peça na pilha de “necessidades” que a gente acha que tem. e o vendedor me pergunta, sem cerimônia: “pra que você quer outro casaco? o que você já tem não tá bom?” aquela foi uma lição. eles não estão ali pra fazer você gastar por gastar. eles estão ali pra te lembrar que talvez você não precise de nada. patagônia não faz só roupa, faz um convite à reflexão. é quase como se cada casaco viesse com uma pequena provocação.

o compromisso da patagônia com a durabilidade não é só marketing. eles criam produtos feitos pra durar anos, e se algo quebra, eles consertam de graça. sério, de graça. e se você tá cansado da peça, você pode devolvê-la. eles a reformam e vendem como peça usada, ou doam pra alguém que realmente precisa. eles sabem que cada item deve ter um ciclo de vida muito mais longo do que o que estamos acostumados a ver. então, ao contrário de outras marcas, a patagônia não quer te convencer de que precisa da versão nova a cada temporada. eles querem que você compre algo uma vez, e use até cansar de olhar pra ele.

mas o que realmente me fez virar fã incondicional foi a atitude do fundador, yvon chouinard, em 2022. depois de décadas à frente da empresa, ele decidiu dar um passo impensável no mundo dos negócios: doou a patagônia inteira. sim, doou. não vendeu, não passou pra uma firma de investimentos. ele entregou tudo pra um truste e uma ONG. o que isso significa? agora, cada centavo de lucro da patagônia vai para a preservação ambiental. chouinard disse que a Terra é o único acionista da patagônia. foi uma forma radical de garantir que a empresa permaneça fiel aos princípios que ele construiu ao longo de 50 anos.

essa doação não foi feita pra ele ganhar aplausos ou colher benefícios fiscais. na verdade, ele preferiu pagar impostos sobre o valor total, algo que outros bilionários evitam como praga. o objetivo era claro: ele queria que cada dólar da empresa fosse usado pra salvar o planeta, e não pra encher bolsos alheios. a estrutura criada por chouinard é única. além de garantir que a empresa nunca se desvie dos seus princípios, ela permite que a patagônia faça doações políticas. isso porque chouinard entende que, pra proteger o planeta, às vezes é preciso brigar de frente com o sistema e financiar quem tem coragem de bater de frente com os gigantes que destroem o meio ambiente.

a patagônia não começou agora com essa postura ativista. eles já estavam na luta desde 2002, quando lançaram o movimento “1% for the Planet,” que destina 1% das vendas anuais a causas ambientais. e não pararam por aí. patagônia enfrentou o governo Trump numa batalha jurídica, processando o governo quando ele reduziu o tamanho de parques nacionais protegidos. yvon chouinard foi pra guerra pra defender as terras públicas, e isso não é pouca coisa. enquanto outros CEOs se escondem atrás de discursos bonitos e promessas vazias, a patagônia age. e quando agem, eles não economizam palavras. em campanhas de marketing, eles criticam diretamente as empresas que “fingem” ser sustentáveis, chamando o setor corporativo de hipócrita. essa é a patagônia – eles não estão interessados em agradar. estão interessados em mudar as coisas.

patagônia não é só uma marca de roupa. é um manifesto contra o consumo desenfreado e a favor de um capitalismo que pode, talvez, ser menos voraz e mais humano. é por isso que, no final do dia, quando eu olho pro que tenho, eu sempre vou preferir algo da patagônia. eles não estão tentando te vender uma jaqueta. estão tentando te vender uma ideia de mundo que vai na contramão do que estamos acostumados. e é por isso que, cada vez que você veste uma peça deles, você não está só se cobrindo do frio. você veste uma postura, uma ideia, um lembrete de que existem formas melhores de fazer as coisas. é como se cada costura fosse um ponto de resistência, um desafio ao status quo. e honestamente, pra mim, nada menos que isso serve.

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2024

a razão de estar aqui

por que eu escrevo? olha, vou te dizer: não é porque eu espero mudar o mundo, e certamente não é porque acho que alguém está lá fora aguardando ansiosamente cada palavra que sai da minha cabeça. eu escrevo porque é o único jeito de manter minha sanidade em ordem. é como esvaziar a lixeira mental, colocar toda aquela porcaria que fica rodando sem parar em algum lugar que não seja a minha cabeça.

escrever é meu jeito de pegar as minhas próprias contradições, as obsessões e as frustrações, e transformar tudo em algo que ao menos pareça ter sentido. cada palavra é uma forma de domar os demônios, de dar forma ao caos e rir na cara daquilo que, se eu deixasse, acabaria comigo. eu me sento, olho para aquela página em branco, e despejo tudo ali. é como soltar a tampa de uma panela de pressão antes que tudo exploda.

e se eu estou sendo honesto, é também uma questão de controle. no papel, eu mando. a vida lá fora, nem tanto. mas quando escrevo, pelo menos por alguns minutos, sou o dono do meu universo. não há limitações, não há ordens. eu coloco as regras, eu queimo as pontes, eu invento o que bem entender. e, de alguma forma, isso dá uma sensação de poder que quase compensa toda a loucura. é um jogo de sobrevivência que só eu entendo.

mas, sabe o que é mais irônico? enquanto escrevo, algo mágico acontece. no meio desse processo egoísta, eu começo a ver as coisas de um jeito diferente. porque quando tudo está ali, impresso, sou forçado a encarar a verdade, por mais desconfortável que seja. e, de repente, o que começou como uma tentativa de exorcizar meus fantasmas vira uma forma de autoconhecimento. eu termino uma página, e o que eu ganho? um vislumbre de mim mesmo que eu nunca teria percebido se não tivesse sentado pra escrever.

então, eu escrevo. porque, no final, não importa o quão ridículo ou frustrante o mundo possa ser, sempre há algo de belo em se encarar de frente e dizer: “aqui estou eu, com todos os meus defeitos e dúvidas.” porque, de alguma forma, ao escrever, eu me descubro mais inteiro. e é isso que faz valer a pena.

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2024

o que penso de coachs e cursos on-line…

olha só, o espetáculo deprimente da vida contemporânea. tá todo mundo lá, de boca aberta, engolindo a ilusão de que dá pra hackear a vida em cinco passos e meio. de que basta pagar pra ouvir o coach do momento, aquele vendedor de fumaça com um microfone de lapela, que vai te transformar no próximo bilionário da lista da forbes. o mercado da autoajuda é o fast food da alma: prático, barato e totalmente desprovido de valor nutricional. mas, claro, pra quem tem preguiça de mastigar uma refeição de verdade, um hambúrguer gelado e meio amassado tá ótimo.

e esses cursos online, então? uma verdadeira epidemia. parece que todo mundo acordou um belo dia, olhou no espelho e pensou: “puxa, acho que vou virar especialista em alguma coisa que mal entendo e ganhar dinheiro em cima dos desesperados.” o que se vê é uma fila interminável de “mestres” do óbvio, que descobriram uma nova forma de lucrar em cima da ansiedade coletiva. é um monte de gente sem currículo, sem experiência e, em muitos casos, sem o menor talento, vendendo cursos sobre absolutamente qualquer coisa. como se o simples fato de abrir uma conta no instagram e colocar um blazer te transformasse em um guru, em um guia espiritual de bolso, pronto pra te ensinar a viver a vida que ele mesmo nunca viveu.

e o mais trágico é que funciona. porque as pessoas preferem ouvir alguém dizendo que dá pra aprender a ser fluente em francês com áudios subliminares do que ter que, sei lá, estudar de verdade. ninguém quer encarar a estrada longa, difícil e cheia de pedregulhos. preferem a promessa de uma viagem em linha reta, onde a única coisa que você precisa fazer é pagar um boleto. mas no fundo, é tudo um esquema, um grande jogo de convencimento onde, se você tá pagando pra alguém te dizer como viver, adivinha quem tá realmente ganhando?

no fim das contas, o que sobra é um exército de pessoas andando em círculos, seguindo a próxima grande moda, o próximo curso milagroso, o próximo guru que promete te tirar do buraco. e pra quê? pra acabar num buraco ainda maior, mas com a carteira mais vazia. porque enquanto você tá lá, assistindo a mais um vídeo motivacional que só te ensina a ter uma atitude “de campeão”, tá esquecendo que a vida de verdade, aquela com uma dose saudável de suor, fracasso e tentativas, continua passando.

então, quer saber? que se dane o manual, que se dane o coach, e que se dane essa ladainha de cursos online que só servem pra te manter ocupado enquanto a vida, de verdade, passa. se é pra cair, que seja de um penhasco que você escolheu subir. se é pra aprender alguma coisa, que seja o resultado das suas próprias experiências, dos seus próprios erros. e no final, quando você olhar pra trás e vir aquele rastro de caos, pelo menos vai poder dizer que foi você quem deixou. porque a única coisa que vale a pena nessa vida é isso: ter uma história que seja sua, sem precisar do selo de aprovação de um zé ninguém que decidiu que é guru da internet.

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2024

cai na real

certo, deixa eu te contar uma coisa que vai quebrar o coração de qualquer um que ainda acredita nessa ilusão de narrativa pura e objetiva: ninguém tem a menor ideia do que está fazendo. eu, você, aquele “especialista” que você vê na tv – todos nós estamos apenas tentando parecer espertos o suficiente para não sermos pegos na mentira. a ideia de que existe algum narrador onisciente e imparcial por aí é um conto de fadas criado por quem tem medo de sujar as mãos no lamaçal de preconceitos, suposições e falhas que, no fundo, compõem cada um de nós.

eu vou dizer como realmente é: ser um narrador “confiável” é um conceito ultrapassado e estéril, uma bobagem que as pessoas inventaram para se sentirem superiores. a beleza está na sujeira, nos tropeços, nos fracassos gritantes e espetaculares. porque é só quando você admite que é um ser humano ridículo e cheio de falhas que as coisas ficam realmente interessantes. o mundo já tá lotado de narradores “objetivos” e “parciais”, e, honestamente, quem se importa? estamos todos enchendo a cara com nossas próprias doses de preconceitos e inseguranças, tentando encontrar algum sentido enquanto cambaleamos de um erro para outro.

quer um conselho? estabeleça metas absurdas. não aquelas metas que te fazem parecer respeitável ou, deus me livre, “prudente”. não, eu tô falando de objetivos tão ridículos que você vai parecer um maníaco delirante só de dizer em voz alta. quer viver um pouco? então arrisca tudo. cria essas expectativas bizarras e se joga sem medo. porque é só quando você se deixa cair no abismo da idiotice que as coisas realmente interessantes acontecem. controle é coisa de gente chata, que prefere a segurança de uma vida sem graça à possibilidade de um desastre glorioso.

vamos falar a verdade: as melhores histórias nascem do desastre. do erro. do acidente. aquela vez em que você achou que sabia o que estava fazendo, só pra descobrir, de forma espetacular, que não tinha ideia. é aí que você encontra as pepitas de ouro. não nas vitórias planejadas, mas naqueles fracassos que te fazem sentar e pensar “como eu fui parar aqui?”. é esse o verdadeiro valor da vida – e não essa busca patética por um sentido, por um “significado maior”. o mundo é um caos sem ordem, e quem te diz o contrário está mentindo pra te vender alguma coisa.

sabe o que é divertido? é ser provado errado. é descobrir que você não sabe nada, e que todas aquelas ideias preconcebidas que você carregou a vida inteira são tão úteis quanto um guarda-chuva em um furacão. não há nada mais libertador do que perceber que você é um idiota e que tudo que achou que sabia é, no máximo, meia verdade. é um chute no ego, mas é um chute necessário. a humildade forçada é o melhor tempero, e, ao contrário do que muitos pensam, ela não vem com uma colherinha de açúcar.

e vou te dizer outra coisa: se você tá com medo de parecer um idiota, tá vivendo errado. não existe nada mais entediante do que alguém que passa a vida toda tentando parecer inteligente, sagaz, astuto. deixa eu te poupar do esforço: ninguém liga. de verdade. você acha que o mundo está prestando atenção em cada uma das suas decisões? acha que alguém tá anotando seus erros pra te julgar? esquece. ninguém se importa. você é livre pra ser o tolo que quiser, o palhaço que sempre tenta e, quase sempre, falha. e, ironicamente, é aí que reside a verdadeira genialidade. a melhor coisa que você pode fazer é abandonar o medo de passar vergonha. abrace a idiotice. se jogue na lama, saia dela sujo, mas rindo de orelha a orelha, porque, no fim das contas, é isso que faz a viagem valer a pena.

a vida é como um prato servido por um chef desleixado, numa espelunca sem nome. vem sem aviso, sem menu, sem garantia de que você vai gostar – ou mesmo sobreviver ao que tá comendo. e é isso que a torna tão interessante. tá tudo errado? ótimo. é amargo? melhor ainda. o doce tá lá, mas misturado com um monte de coisa que você nunca pediria de propósito. e é nessa bagunça que a beleza tá escondida, esperando pra ser descoberta por quem tiver coragem suficiente de abandonar o garfo e meter a mão no prato, de verdade.

então, esquece essa história de “seriedade”, de “objetividade”, de “confiabilidade”. a única coisa confiável é que tudo vai dar errado, cedo ou tarde. e, quando der, você vai estar lá, rindo, talvez com um dente a menos e o ego amassado, mas com uma história pra contar. e é isso que vale. se você não tá disposto a sujar as mãos, a comer o prato mais suspeito do menu, então pode pegar seu bilhete de volta e ir pra casa, porque você tá perdendo a melhor parte da viagem.

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2024

post gourmet

ah, a gourmetização da vida. agora, tudo tem que ser uma performance de ostentação cuidadosamente montada, desde o café que a gente toma até o jeito que passamos o tempo. lembra quando dava pra resolver as coisas de forma direta, sem floreios? hoje em dia, tudo é um festival de etiquetas de luxo e adjetivos desnecessários.

até o jeito que a gente relaxa foi sequestrado por essa onda. você não pode simplesmente curtir um livro ou ver um filme, tem que ser uma “experiência de leitura imersiva” ou uma “sessão de cinema premium”, cheia de aparatos que prometem uma profundidade transcendental. lembra quando você só deitava no sofá com um livro velho e deixava o mundo lá fora? agora, se o livro não vem com uma capa dura especial, impresso em papel reciclado de bambu orgânico, e autografado pelo autor num evento exclusivo, parece que nem vale a pena.

e o ar? o básico ar que a gente respira. antes, o ventilador ou o ar-condicionado davam conta do recado. hoje, somos bombardeados com “purificadores de ar com infusão de óleo essencial”, como se o nosso oxigênio precisasse passar por um spa particular antes de chegar aos nossos pulmões. tudo isso embrulhado na promessa de que você vai sentir uma paz espiritual só porque o ar agora é aromatizado com lavanda dos alpes franceses. se não te der alergia, claro.

até o sono, essa coisa tão simples, virou uma missão gourmet. lembra quando a gente se jogava na cama, puxava a coberta e boa noite? agora você tem que ter um colchão de látex com memória, lençóis de algodão egípcio e um aplicativo que monitora suas ondas cerebrais enquanto você dorme. porque, aparentemente, a gente já não sabe mais dormir. agora é preciso medir, rastrear, analisar, e acordar com gráficos e estatísticas do seu desempenho noturno.

no final, essa gourmetização é uma conspiração pra nos afastar da essência das coisas. o básico ficou marginalizado, como se o simples não valesse nada. e, na corrida por esse tal luxo de boutique, a gente vai se perdendo. porque no fundo, o que a gente quer mesmo é se jogar no sofá com um café normal, ler um livro qualquer e deixar a vida seguir seu curso. mas não – estamos presos no teatro da gourmetização, onde o trivial é pecado e o básico precisa de um upgrade. o que era simples agora é embaraçosamente sofisticado. e o básico? esse, amigo, esse está ficando cada vez mais raro.

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2024

queria ter aprendido

queria ter aprendido logo que a vida fica muito mais divertida quando você decide parar de seguir o manual e começa a escrever as suas próprias regras. aquele jovem eu que se preocupava com a opinião dos outros? aquele que tentava ser o “cara certo”, que fazia tudo conforme o script? hoje eu olho pra ele e dou risada. a real é que não existe uma maneira certa de viver – existe a maneira que te faz levantar da cama com um sorriso meio debochado e uma vontade de ver até onde dá pra ir.

eu queria ter entendido logo que você não precisa saber onde vai dar cada passo que toma. a vida é um improviso, um palco onde ninguém ensaiou as falas e, quer saber? é justamente aí que mora a graça. a gente é treinado pra pensar que precisa de um plano pra tudo, mas a verdade é que quanto menos planos, melhor. porque quando você solta as rédeas e deixa a vida te levar, você descobre que as melhores surpresas aparecem quando você tá distraído, sem a menor expectativa. os dias ficam mais leves, os problemas menos urgentes, e as risadas mais frequentes.

queria ter aprendido logo que ousadia é a chave. essa história de “vá com calma” é coisa de quem tem medo de viver. o mundo pertence a quem não tem medo de pisar onde ninguém mais pisou, de dizer aquilo que ninguém tem coragem de dizer. e o mais importante? saber rir. rir de tudo, rir de si mesmo, rir até das coisas que dão errado – especialmente das coisas que dão errado. porque é nessas horas que você percebe o quanto tem sorte de estar vivendo uma vida que, por mais caótica e cheia de reviravoltas, ainda é tua, com tuas próprias marcas e tuas próprias escolhas.

no final, o que faz tudo valer a pena são as histórias que você acumula. não as histórias de grandes feitos, mas aquelas situações cotidianas que, aos olhos dos outros, parecem banais, mas pra você têm um sabor especial. é isso que você vai levar consigo: os momentos que te arrancaram sorrisos inesperados, as vezes que você se permitiu ser um pouco ridículo, um pouco ousado, um pouco mais você mesmo. porque, quando você vive assim, de peito aberto, sem medo do que os outros pensam, você percebe que o grande truque é levar a vida como quem dança sem se preocupar com o ritmo – só porque é bom demais sentir o chão sob os pés.

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2024

você já ouviu o meu áudio?

sabe o que realmente me faz perder a fé na humanidade? essa maldita ideia de que tudo precisa ser respondido na hora. o whatsapp apita, você vê o tique azul e pronto: agora é uma corrida contra o tempo. porque, aparentemente, não é o suficiente estar conectado, você tem que estar disponível o tempo todo, pronto pra largar o que quer que esteja fazendo e digitar uma resposta cheia de entusiasmo e profundidade. e se você não responde? é quase uma ofensa, um crime social. como ousa ignorar a mensagem por mais de cinco minutos?


é como se a gente tivesse entrado nessa espiral bizarra onde a urgência tomou conta de tudo. ler uma mensagem virou o equivalente moderno de uma convocação militar: você viu, agora tem que responder. na hora. quem diabos inventou essa regra? por que não podemos simplesmente… deixar a mensagem ali, esperando? como um bom vinho, amadurecendo. até que você tenha tempo, paciência ou, deus me livre, algo realmente interessante pra dizer.

e aí, quando você acha que já está atolado nesse inferno do imediatismo, surge a cereja do bolo: os áudios. porque, claro, digitar é muito mainstream, muito esforço. por que gastar 30 segundos organizando um pensamento, quando você pode despejar cinco minutos de monólogo sobre o trânsito, a sua insônia, ou o que você comeu no café da manhã – e esperar que a outra pessoa ouça com a mesma atenção que daria a um discurso do dalai lama? e não é só um áudio, não. é uma saga. um épico. vinte áudios seguidos. como se cada segundo fosse vital para a sobrevivência da espécie.

e você, é claro, tem que parar tudo. esquecer suas obrigações, sua vida, o mundo real. porque, aparentemente, agora estamos todos vivendo pra ouvir áudios de whatsapp. como se a pessoa que mandou não pudesse simplesmente… sei lá… escrever. não, não. isso seria pedir demais. é muito mais fácil largar o dedo no botão de gravação e deixar o resto do mundo lidar com as consequências.

e o auge da comédia é que eles esperam que você ouça tudo. na hora. “já ouviu meus áudios?” – a pergunta fatídica, carregada de toda a pressão social de um interrogatório de guerra. como se a sua resposta fosse o que mantém o planeta girando.

mas aqui vai a verdadeira sacada: você não precisa ouvir os áudios. você pode, tranquilamente, deixar aquela coleção interminável mofar na caixa de entrada. e quando perguntarem, com aquela expectativa de quem aguarda a resposta, você só precisa dizer: “ah, estava ocupado.” porque, sejamos sinceros, se o assunto fosse realmente importante, teriam feito o mínimo esforço de escrever. e escrever, meu amigo, é uma arte em extinção na era do whatsapp – mas ainda tem seu valor.

o que nos traz à única coisa que ainda faz algum sentido nesse caos digital: os e-mails. sim, eles. as últimas cartas do mundo moderno. porque o e-mail, veja só, não carrega essa urgência psicótica. ele não grita, não vibra, não te persegue com notificações compulsivas. ele simplesmente espera. é quase poético. você lê, deixa quieto, pensa. pode responder quando tiver tempo, quando realmente tiver algo a dizer. ele é o oposto dessa cultura da resposta instantânea. o e-mail, meu amigo, te devolve a paz. ele te lembra que, sim, você pode refletir antes de digitar qualquer besteira. dá pra acreditar?

ao contrário dos aplicativos de mensagem, que transformam cada interação numa obrigação imediata, os e-mails te dão espaço. eles esperam. pacientemente. ainda preservam a noção de que tempo importa. você responde quando estiver pronto, e isso faz toda a diferença. é quase romântico, se você pensar bem. um diálogo de verdade, sem a maldita pressão do “lido e não respondido”. é quase uma resistência silenciosa nessa era de caos e pressa. um oásis de sanidade no deserto do imediatismo.

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2024

brincar

a verdade que ninguém te conta: brincar não tem absolutamente nada a ver com brinquedos caros, coloridos, com luzes piscantes e sons irritantes. se você acha que vai comprar a infância perfeita na seção de brinquedos do shopping, tenho uma notícia pra você: está jogando dinheiro fora. brinquedos são, no fundo, os restos de uma sociedade que adora empacotar a criatividade e vender em prestações suaves no cartão.

o que as crianças realmente precisam? não é daquele robô que se transforma em dinossauro ou da boneca que fala cinco idiomas (e que, vamos ser sinceros, vai acabar no fundo do baú em menos de uma semana). o que elas precisam é de espaço – espaço na mente e no ambiente. espaço para errar, para experimentar, para destruir as coisas e depois descobrir como consertá-las. isso, meu amigo, não vem com um manual de instruções.

é por isso que quando você se joga no chão, deixa o celular de lado (sim, eu sei que é difícil) e começa a improvisar uma brincadeira qualquer com o que tem ao redor – uma caixa de papelão, uma colher de pau, o sapato esquecido no canto – está fazendo muito mais pelo desenvolvimento do seu filho do que qualquer brinquedo ultratecnológico. você tá ali, no front, ensinando o que realmente importa: criatividade, resolução de problemas, a arte de inventar universos inteiros a partir de nada.

meu filho e eu? a gente transforma tudo em aventura. uma simples caminhada vira uma missão de espionagem, a sala vira o campo de batalha de uma guerra intergaláctica, e a panela no fogão? claro, uma nave espacial. todo dia. todo santo dia. porque brincar é isso: estar presente, usar o que está disponível, e mostrar que a imaginação é a ferramenta mais poderosa que existe. e, olha, sem baterias inclusas.

brinquedos? são coadjuvantes, peças descartáveis. a verdadeira mágica tá na criatividade crua, solta, sem limites. e isso? isso nenhum brinquedo vai te vender. então, da próxima vez que alguém te sugerir mais um daqueles brinquedinhos barulhentos, lembra: tudo o que seu filho realmente precisa já tá bem na sua frente.

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2024

minhas sócias

as mulheres com quem trabalho hoje, minhas sócias, não estão apenas ao meu lado – elas estão liderando a frente, mudando o rumo das coisas com uma habilidade e uma visão que me impressionam diariamente. o que estamos construindo juntos não seria nada sem a liderança delas, sem essa força que vai muito além de competência técnica. é uma verdadeira parceria de mentes brilhantes que transformam ideias em ação, que fazem as coisas acontecer de verdade.

não é sobre carregar peso ou resolver problemas. é sobre liderar com uma clareza que corta o caos, enxergar oportunidades onde outros veem barreiras, e, principalmente, criar um ambiente onde as coisas não só funcionam, mas prosperam. cada uma delas tem um impacto que vai além do trabalho; elas mudam a dinâmica, redefinem o que significa sucesso e mostram, todos os dias, que liderança verdadeira é algo natural pra elas.

minhas sócias são mais que parceiras. são líderes, são visionárias, e são, sem sombra de dúvida, as principais responsáveis por transformar cada plano em realidade. não é uma questão de delegar ou de “deixar nas mãos delas” – é sobre estar ao lado de pessoas que têm uma capacidade quase sobrenatural de resolver, criar e liderar. não só são mais incríveis do que qualquer homem com quem já trabalhei, mas são a prova viva de que, quando mulheres tomam a frente, o mundo ao redor delas muda para melhor.

trabalhar com essas mulheres me fez entender que o verdadeiro poder está na colaboração, no respeito mútuo e, acima de tudo, em reconhecer quando alguém tem o que é preciso pra transformar um sonho em algo concreto. não é sobre controle ou hierarquia. é sobre liderança compartilhada, onde todos sabem o seu valor, mas, honestamente? o valor delas brilha mais. são elas que transformam o impossível no cotidiano. e isso, meu amigo, é algo que não dá pra ignorar.

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2024

política

ah, a política. aquele esporte de combate onde todos entram na arena já com sangue nos olhos, prontos para jogar lama em qualquer um que respire. é curioso como todo mundo odeia política, despreza os políticos, mas, ao mesmo tempo, se apegam a essas figuras, como se fossem heróis de quadrinhos, para salvar a pele deles mesmos. o pessoal adora dizer “não ligo pra política”, como se isso fosse algum tipo de distintivo de honra ou um sinal de pureza moral. parabéns, você não liga para o que realmente controla cada aspecto da sua vida, desde o preço da sua cerveja até se você vai ter um hospital decente quando estiver cuspindo os pulmões. genial.

mas a realidade é que política é o único jeito de evitar que o mundo vá direto para o lixo. você pode se iludir achando que vai escapar da merda ficando no seu canto, longe das discussões sobre orçamento, leis e políticas públicas, mas adivinha só? a política vai vir te pegar de qualquer jeito. vai estar lá, esperando por você na fila do posto de saúde, ou quando sua rua alagar porque algum vereador achou que construir um shopping novo era mais importante do que melhorar a drenagem.

claro, não estou dizendo que os políticos são santos. na verdade, a maioria é composta de babacas interesseiros, prontos para vender a alma por um jantar caro e uma garrafa de vinho ridiculamente superfaturada. são mestres na arte de prometer tudo e entregar absolutamente nada, enquanto fazem caretas para a câmera e tentam não suar durante as campanhas. mas é aí que a coisa fica interessante: você não pode simplesmente ignorar esses canalhas. você tem que se enfiar na lama, entender o jogo e começar a escolher quem vai te ferrar menos. porque alguém vai, sempre.

então, qual a solução? você tem que votar, tem que se engajar, tem que discutir. você tem que se jogar no meio do circo e fazer escolhas conscientes. não é bonito, não é divertido e, honestamente, muitas vezes vai fazer você se sentir um idiota. mas é a única maneira de garantir que o mundo não se transforme em um playground de bilionários e populistas narcisistas que adoram ditar as regras enquanto fingem ser a solução de todos os problemas.

não, você não vai encontrar o messias político que vai consertar tudo com uma canetada. isso é fantasia de quem ainda acredita em contos de fada. o mundo real exige suor, escolhas difíceis e, acima de tudo, compromisso com a responsabilidade que é viver numa sociedade. se a gente deixar só os idiotas decidirem, o que você acha que vai acontecer?

e é aí que está a verdadeira ironia: odiar política é um luxo. um privilégio. porque, no fim do dia, são as decisões políticas que definem quem vai se ferrar mais. então, talvez seja hora de parar de reclamar dos políticos e começar a reclamar da sua própria indiferença. essa sim, vai te custar caro.