
todo mundo acha que eu sou fã da apple. é fácil entender por quê – iphone no bolso, macbook na mesa, e aquele visual todo minimalista que eles vendem. mas a verdade é que a marca que realmente me fisgou, aquela que eu realmente admiro, é a patagônia. e olha, não é por causa de estilo ou status. é porque a patagônia, ao contrário do resto, não tá interessada em fazer você consumir mais. eles querem é te fazer pensar. é como um antídoto para o veneno que o capitalismo tradicional despeja em todo mundo. patagônia faz você se perguntar: será que eu realmente preciso de mais uma coisa?
essa mentalidade ficou clara na primeira vez que entrei numa loja deles. eu tava lá, pronto pra comprar um casaco novo, só mais uma peça na pilha de “necessidades” que a gente acha que tem. e o vendedor me pergunta, sem cerimônia: “pra que você quer outro casaco? o que você já tem não tá bom?” aquela foi uma lição. eles não estão ali pra fazer você gastar por gastar. eles estão ali pra te lembrar que talvez você não precise de nada. patagônia não faz só roupa, faz um convite à reflexão. é quase como se cada casaco viesse com uma pequena provocação.
o compromisso da patagônia com a durabilidade não é só marketing. eles criam produtos feitos pra durar anos, e se algo quebra, eles consertam de graça. sério, de graça. e se você tá cansado da peça, você pode devolvê-la. eles a reformam e vendem como peça usada, ou doam pra alguém que realmente precisa. eles sabem que cada item deve ter um ciclo de vida muito mais longo do que o que estamos acostumados a ver. então, ao contrário de outras marcas, a patagônia não quer te convencer de que precisa da versão nova a cada temporada. eles querem que você compre algo uma vez, e use até cansar de olhar pra ele.
mas o que realmente me fez virar fã incondicional foi a atitude do fundador, yvon chouinard, em 2022. depois de décadas à frente da empresa, ele decidiu dar um passo impensável no mundo dos negócios: doou a patagônia inteira. sim, doou. não vendeu, não passou pra uma firma de investimentos. ele entregou tudo pra um truste e uma ONG. o que isso significa? agora, cada centavo de lucro da patagônia vai para a preservação ambiental. chouinard disse que a Terra é o único acionista da patagônia. foi uma forma radical de garantir que a empresa permaneça fiel aos princípios que ele construiu ao longo de 50 anos.
essa doação não foi feita pra ele ganhar aplausos ou colher benefícios fiscais. na verdade, ele preferiu pagar impostos sobre o valor total, algo que outros bilionários evitam como praga. o objetivo era claro: ele queria que cada dólar da empresa fosse usado pra salvar o planeta, e não pra encher bolsos alheios. a estrutura criada por chouinard é única. além de garantir que a empresa nunca se desvie dos seus princípios, ela permite que a patagônia faça doações políticas. isso porque chouinard entende que, pra proteger o planeta, às vezes é preciso brigar de frente com o sistema e financiar quem tem coragem de bater de frente com os gigantes que destroem o meio ambiente.
a patagônia não começou agora com essa postura ativista. eles já estavam na luta desde 2002, quando lançaram o movimento “1% for the Planet,” que destina 1% das vendas anuais a causas ambientais. e não pararam por aí. patagônia enfrentou o governo Trump numa batalha jurídica, processando o governo quando ele reduziu o tamanho de parques nacionais protegidos. yvon chouinard foi pra guerra pra defender as terras públicas, e isso não é pouca coisa. enquanto outros CEOs se escondem atrás de discursos bonitos e promessas vazias, a patagônia age. e quando agem, eles não economizam palavras. em campanhas de marketing, eles criticam diretamente as empresas que “fingem” ser sustentáveis, chamando o setor corporativo de hipócrita. essa é a patagônia – eles não estão interessados em agradar. estão interessados em mudar as coisas.
patagônia não é só uma marca de roupa. é um manifesto contra o consumo desenfreado e a favor de um capitalismo que pode, talvez, ser menos voraz e mais humano. é por isso que, no final do dia, quando eu olho pro que tenho, eu sempre vou preferir algo da patagônia. eles não estão tentando te vender uma jaqueta. estão tentando te vender uma ideia de mundo que vai na contramão do que estamos acostumados. e é por isso que, cada vez que você veste uma peça deles, você não está só se cobrindo do frio. você veste uma postura, uma ideia, um lembrete de que existem formas melhores de fazer as coisas. é como se cada costura fosse um ponto de resistência, um desafio ao status quo. e honestamente, pra mim, nada menos que isso serve.