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2024

o que realmente importa?

ok, vamos então esticar as pernas e dar a essa ideia o espaço que merece. pega um café, ou melhor, pega dois, porque agora a conversa vai ser séria.

olha pra sua vida. de verdade. aquele panorama que você evita encarar de frente. cheia de compromissos, de reuniões, de mensagens acumuladas no celular, de metas que não são suas, de prazos absurdos e expectativas ainda piores. você acorda com a cabeça pesada, já pensando nas mil coisas que precisa resolver antes de botar a cabeça no travesseiro de novo. sempre correndo, sempre se atropelando, tentando cumprir com tudo, achando que quanto mais você fizer, mais perto vai chegar de algum tipo de redenção. e aí eu te pergunto: quando foi a última vez que você realmente sentiu que fez algo de valor? não falo de marcar itens na sua agenda, não falo de dar check na lista de tarefas. tô falando de algo que te deu uma sensação genuína de realização, de propósito. que fez você parar e pensar: “isso aqui valeu a pena.” difícil lembrar, né?

porque a verdade, e aí vai doer, é que a gente vive num ciclo de fazer por fazer. a vida virou uma fábrica de produção em série, e você tá lá, na linha de montagem, empurrando coisas pra fora o mais rápido possível, sem parar pra pensar se alguma delas realmente importa. é como se estivéssemos programados pra acreditar que ser ocupado é ser importante. mas aí vem o grande plot twist: não é. fazer muito não significa nada se o que você faz não tem valor real. e é aqui que entra a tal ideia de fazer menos, mas melhor. não é um truque de mágica. é simplesmente parar de tentar abraçar o mundo com as pernas e focar no que realmente importa.

escolher. essa é a palavra-chave. escolher o que vai ficar no seu prato e o que você vai jogar fora sem nem pensar duas vezes. porque, sério, você não precisa carregar o mundo nas costas. tem coisa que simplesmente não vale o esforço. e o segredo é esse: fazer menos, mas com intenção. com qualidade. colocar energia no que traz resultado de verdade, em vez de gastar suas horas com tarefas vazias, só pra fingir que tá sendo produtivo. a vida não é uma competição de quem faz mais, é de quem faz melhor. e é aí que muita gente se perde: na ânsia de fazer tudo, acabam não fazendo nada que realmente deixe uma marca.

vamos combinar uma coisa? ninguém vai lembrar de quantos e-mails você respondeu antes das 18h. ninguém vai te aplaudir porque você conseguiu participar de dez reuniões no mesmo dia. o que vai contar, o que sempre vai contar, é o impacto que você deixou. e esse impacto não vem de encher sua agenda com coisas sem importância. vem de focar no que vale a pena. em vez de tentar correr essa maratona insana onde todo mundo quer fazer tudo ao mesmo tempo, escolha fazer menos. mas faça direito. menos barulho, mais resultado. é aí que tá o verdadeiro jogo. você não precisa de mais horas num escritório iluminado por luz de néon, não precisa de mais gente te chamando pra discutir o próximo projeto que nunca vai sair do papel. precisa de foco. precisa aprender a cortar o que é desnecessário e colocar sua energia no que realmente importa.

e aí vem a parte mais bonita disso tudo: quando você se livra dessa montanha de sobrecarga inútil, sobra espaço. espaço pra respirar. espaço pra viver. pra lembrar do que realmente significa sentir alegria. lembra disso? alegria. aquele negócio que não vem de riscar tarefas da sua lista, mas de saber que você tá vivendo com mais leveza, mais propósito. menos sobrecarga, mais alegria. parece uma ideia tão simples, mas, cara, é transformadora. porque viver não deveria ser só sobreviver. viver não é bater metas, cumprir prazos ou se afogar numa maré de compromissos vazios. viver é sentir. é se conectar. é ter momentos que realmente contam.

e é isso que você ganha quando começa a fazer menos. não é sobre desistir, não é sobre “relaxar demais”. é sobre ser mais inteligente com o seu tempo, mais preciso com sua energia. é sobre fazer escolhas que deixam sua vida mais leve, mais focada, e, acima de tudo, mais alegre. você vai perceber que, no final das contas, fazer menos não é um fracasso. é o caminho pra encontrar aquilo que você realmente quer da vida.

então, faça menos. mas faça com tudo o que tem. coloque sua alma, seu tempo e sua dedicação no que realmente importa. o resto? deixa ir. o resto é só ruído.

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2024

autenticidade

ok, vamos lá, direto ao ponto: viver como todo mundo, seguindo o fluxo, é a forma mais segura de garantir uma vida absolutamente entediante. a verdadeira tragédia não é falhar, se dar mal ou cair de cara no chão. a verdadeira tragédia é passar pela vida sem nunca tentar algo que realmente mexa com você, sem nunca fazer algo que te faça sentir vivo de verdade. porque, acredite, a maioria das pessoas está ocupada demais tentando se encaixar em algum molde, seguir as regras que foram estabelecidas antes mesmo de elas nascerem.

a grande verdade é que as pessoas estão apavoradas com a ideia de não serem aceitas. medo de serem vistas como diferentes, como erradas, como aquelas que não “se encaixam”. então, o que elas fazem? pegam o manual da vida e seguem à risca. estudam, trabalham, comem no restaurante da moda, tiram selfies nas férias, fazem tudo direitinho, tudo nos conformes. e, no final das contas, acabam todas iguais, intercambiáveis, como peças de uma máquina que gira sem parar, mas não sai do lugar.

mas, e se… e se você simplesmente jogasse esse manual fora? e se parasse de fazer o que é esperado de você e começasse a fazer o que realmente te interessa, o que te excita, o que te dá um sentido de aventura? não estou falando de ir contra tudo só por rebeldia vazia. estou falando de viver de forma intencional. de buscar experiências que te desafiem, que te tirem do piloto automático. de não aceitar o caminho mais fácil, só porque ele é o mais conhecido.

as pessoas que realmente mudaram algo, que deixaram uma marca, são as que não estavam nem aí para o que a maioria fazia. elas estavam focadas em encontrar algo maior, em ver o mundo com outros olhos. enquanto todo mundo estava ocupado vivendo uma versão diluída da vida, elas estavam lá fora, provando o amargo, o doce, o estranho, o desconhecido. é preciso estar disposto a se perder, a se sujar, a errar feio, para poder descobrir algo de valor.

você pode seguir o fluxo, fazer o que todos fazem, e terá uma vida confortável, previsível, sem grandes ondas. ou você pode arriscar, explorar caminhos que ninguém teve coragem de percorrer, e talvez – só talvez – descobrir o que significa realmente viver. viver de verdade, com tudo o que isso implica: caos, confusão, beleza e uma dose saudável de loucura. quem escolhe a segunda opção, talvez não tenha todas as respostas, mas vai ter uma vida que vale a pena contar.

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2024

estilo

então, você quer um estilo, hein? claro, todo mundo quer um estilo. porque deus nos livre de ser só mais um ser humano normal, respirando e ocupando espaço no mundo. não, a gente precisa ter estilo. aquele toque especial que te faz diferente de todo mundo. afinal, quem vai te notar se você não tiver o seu estilo? não basta só existir, fazer o básico, viver a sua vidinha sem atrair um raio de holofote direto na sua testa. você precisa ser uma obra de arte ambulante, não é?

vamos lá, porque eu sei como é. a jornada épica de autodescoberta, passando tardes inteiras escolhendo entre o corte de cabelo “bagunçado, mas chique” ou “minimalista, mas ousado”. se perde horas numa loja vintage catando um casaco que tenha aquele ar de “eu nem me importo com moda, mas de um jeito super calculado”. e claro, tudo tem que parecer absolutamente acidental, como se você tivesse tropeçado e caído de cara num mar de bom gosto e referências de filmes europeus obscuros.

o grande segredo que ninguém te conta? todo mundo está fazendo a mesma coisa. as mesmas roupas, os mesmos lugares, os mesmos drinks insuportáveis com nomes pretensiosos. e aqui estamos nós, num mundo cheio de clones, cada um tentando se sobressair com sua versão “única” de ser mais do mesmo. estilo? tá mais pra um uniforme mal disfarçado.

e aí, o que resta? a eterna busca pelo próximo acessório mágico que vai finalmente te dar aquele toque de originalidade. talvez um chapéu esquisito? uma tatuagem num idioma que você não fala? vai fundo, porque nada grita mais autenticidade do que tentar desesperadamente parecer autêntico.

mas no fundo, eu te entendo. a ideia de andar por aí sem chamar a atenção, sem que ninguém olhe duas vezes, deve ser absolutamente terrível. talvez o medo de ser só… comum? normal? ordinário? ai, que tragédia.

mas quer saber o que tem realmente estilo? fazer o que quiser, sem dar a mínima. mas, claro, isso é demais pra maioria. a gente quer mesmo é o pacote pronto: o look, a atitude, o filtro perfeito no instagram. então, segue aí na tua busca pelo estilo. boa sorte. vai que um dia você encontra esse santo graal da irrelevância.

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2024

microgerenciar

aprendi há muito tempo que tentar microgerenciar é um desastre, mas não aprendi da forma mais suave, não. não foi uma daquelas epifanias elegantes que você tem enquanto contempla o horizonte numa sacada italiana, tomando um chianti e refletindo sobre a vida. foi mais como levar uma surra numa viela suja, em algum canto insalubre do mundo corporativo, enquanto você se pergunta: “como diabos cheguei aqui?”.

microgerenciar é essa obsessão patética de querer estar em cada maldito detalhe. é como insistir em ficar ao lado do chef, cutucando cada prato que sai da cozinha, como se o molho de tomate só ficasse certo com o seu toque divino. e aí o que acontece? você acaba transformando o lugar num circo de desespero, onde cada membro da equipe – que você mesmo escolheu porque, teoricamente, eram bons no que fazem – começa a questionar cada passo, com medo de que o “grande chefe” surja das sombras para corrigir até a forma como respiram. é a receita perfeita para destruir qualquer chance de inovação, autonomia ou prazer de fazer um trabalho decente.

o resultado? tempos terríveis. prazos não cumpridos, decisões equivocadas, uma equipe desmotivada que se move como zumbis, e você, preso numa roda de estresse sem fim, achando que a solução para tudo é controlar ainda mais. porque, claro, quando tudo dá errado, o instinto natural do microgerente é dobrar a aposta. se já está no fundo do poço, por que não cavar mais?

e olha, não se trata apenas de sufocar a criatividade alheia, embora isso já seja ruim o suficiente. microgerenciar é, na verdade, um sintoma de algo muito mais triste: a total falta de confiança em si mesmo. é uma forma de mascarar sua insegurança, de fingir que tem controle de algo quando, na realidade, você está é morrendo de medo que tudo desmorone. e adivinha? tudo vai desmoronar mesmo, mas não porque sua equipe é incompetente – é porque você, meu amigo, é o arquiteto do desastre.

aprendi isso da maneira mais difícil. tive que ver o brilho no olho das pessoas ao meu redor se apagar. tive que lidar com erros que eu mesmo criei, porque estava tão obcecado em não deixar nada escapar do meu radar que não percebi o óbvio: se você contrata gente boa, você tem que deixá-los fazer o que sabem. confie no processo ou então vá pra casa e faça tudo sozinho, já que acha que ninguém é bom o suficiente. mas se escolher a primeira opção, engole seu ego, respira fundo e deixa a mágica acontecer sem sua mão pesada em cima de cada detalhe.

então, sim, aprendi há muito tempo que microgerenciar é um desastre. e quanto mais cedo você aprender isso, mais cedo vai parar de transformar seu ambiente de trabalho em um inferno pessoal.

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2024

odeio termos corporativos

ah, os novos queridinhos do mundo corporativo. se os termos antigos já eram ruins, os modernos são um atentado à inteligência humana. “pivotar”? me explica isso, sério. pivotar é basicamente quando a empresa percebe que tá afundando mais rápido que o titanic e decide mudar de direção, mas ao invés de dizer “estamos ferrados”, eles dizem “estamos pivotando”. como se isso fosse uma jogada genial e não um tapa-buraco desesperado.

e aí vem o famigerado “escalável”. tudo agora tem que ser escalável. o café que você toma, o banheiro que você usa, até a forma como você respira tem que ser escalável. ninguém mais pode só fazer o trabalho, não. tem que ser algo que cresça exponencialmente, de preferência com o mínimo esforço da sua parte. é o sonho de todo CEO preguiçoso que quer enriquecer enquanto faz absolutamente nada. “nossa solução é super escalável!” — é, e a sua capacidade de encher o saco também é, aparentemente.

ah, mas nada supera o queridinho de todos: “growth hacking”. o que isso significa? ninguém sabe ao certo. é uma mistura de marketing agressivo, truque barato e sorte de principiante, mas colocaram um nome descolado pra ver se colava. você basicamente pega um estagiário mal pago, joga ele num porão, e fala: “me faça crescer 300% até sexta-feira”. se ele consegue, parabéns, ele virou um growth hacker. se não, você manda ele embora e tenta com outro. o importante é manter a ilusão de que você está “hackeando o crescimento”. spoiler: você não está.

e claro, não posso esquecer do “agile”. o ágil, que de ágil não tem nada. é só uma desculpa para reuniões diárias de 15 minutos que nunca duram 15 minutos. “sprints” que deveriam ser maratonas e retrospectivas que mais parecem sessões de terapia de grupo, onde todo mundo finge que o projeto está indo bem, enquanto o caos reina nos bastidores. mas não se preocupe, está tudo no “pipeline”.

ah, o “burnout”. não, pera, esse não é um termo da moda. é só o que você vai sentir depois de tentar entender esse emaranhado de palavras vazias que não servem pra nada além de criar a ilusão de que você está trabalhando numa startup inovadora e não numa máquina de triturar almas.

então, se antes tínhamos a velha guarda da “sinergia” e do “core business”, agora temos esses novos brilhos nos olhos de todo chefe de terno slim fit. a diferença? nenhum. a mesma m****, só que com um gloss de “inovação disruptiva”.

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2024

o que é viajar

viajar é um ato de autossabotagem consciente, é um mergulho de cabeça no caos, um convite explícito para o desconforto. não é para os fracos. é pra quem tem estômago pra olhar de frente o que o mundo realmente é: sujo, desorganizado, brutal. você é arrancado do colo quentinho das suas certezas e lançado no vasto e impiedoso desconhecido, onde ninguém dá a mínima para suas sensibilidades ou manias. o que é fascinante e ao mesmo tempo destruidor sobre viajar é que você não tem como escapar da verdade de que o mundo não gira ao redor das suas expectativas.

você chega numa cidade estrangeira com a bagagem cheia de preconceitos e certezas. ah, você acha que sabe, acha que está preparado para o que vai ver. mas logo de cara, a primeira coisa que te acerta é o cheiro. forte, estranho, um misto de fritura, suor, especiarias e lixo orgânico. é o cheiro de uma realidade que nunca passou nem perto das suas fantasias de instagram. e aí, meu amigo, você começa a perceber que o buraco é mais embaixo. porque viajar não é só “ver paisagens bonitas” e postar uma foto no pôr do sol pra ganhar curtidas.

viajar é sentar numa espelunca no meio do nada e comer uma comida cujo nome você não consegue pronunciar, preparada por alguém que não dá a mínima se você vai gostar ou não. e aí você percebe que o seu conceito de “bom gosto” é irrelevante. ninguém tá aqui pra te agradar. o mundo não é um restaurante com menu adaptado ao seu paladar infantil. é melhor se adaptar rápido ou voltar correndo pro aeroporto mais próximo.

a verdadeira brutalidade de viajar, no entanto, não está nas condições externas — no calor, na comida esquisita, na falta de conforto. a brutalidade mora dentro de você. porque viajar é, acima de tudo, um confronto com as suas limitações. é quando você descobre que aquele ser humano “tolerante”, “aberto” e “de espírito livre” que você pensava ser, na verdade, tem seus próprios preconceitos, suas inseguranças, sua arrogância cultural disfarçada de “boas intenções”. você acha que tá indo pra ensinar alguma coisa ao mundo? bobagem. você vai é aprender, na marra, que o mundo não precisa de você. o mundo não tá te esperando com um tapete vermelho e palmas. você vai aprender que é insignificante.

e aí, se você tiver sorte, depois de ser triturado por tudo isso, vai entender que o verdadeiro valor de viajar não está nas fotos ou nas histórias que você vai contar de volta em casa. tá no silêncio. naqueles momentos de absoluta solidão e desconforto, quando você finalmente aceita que a sua visão de mundo era ridiculamente limitada. e, quem sabe, se você for realmente honesto, vai sair dessa experiência menos cheio de si, mais humilde, mais empático. ou, talvez, só um pouco mais cínico, mas com uma visão mais clara de quem você realmente é.

viajar te quebra, e esse é o presente. é a brutalidade que transforma. se você sair inteiro, parabéns, mas provavelmente você não entendeu nada.

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2024

quase 4 anos

ser pai de uma criança de quase quatro anos? olha, se você acha que sabe alguma coisa sobre o mundo, ser pai vai te provar o contrário. é como ser o protagonista de uma peça de teatro onde o roteiro muda a cada segundo, e você nunca foi avisado. você pensa que vai ensinar, moldar, guiar? que nada. seu filho chega, revira seu mundo e te mostra que você não passa de um mero figurante no grande show da vida dele.

eles falam de “terríveis dois”, mas quatro anos é onde o verdadeiro show começa. com 4 anos, ele não só aprendeu a falar, mas a negociar. e não estamos falando de negociações comuns. é como sentar à mesa com um mafioso em miniatura que sabe exatamente o que fazer pra te fazer ceder. você achava que tinha alguma autoridade? esquece. um minuto você tá explicando por que não se pode comer cereal com suco de laranja, no outro, tá concordando com um desfile de pijamas em pleno almoço só pra ter paz por cinco minutos.

e a parte mais louca? no meio desse caos, ele te desmonta com uma pergunta que faria qualquer filósofo se contorcer. “pai, por que o céu é azul?” ou “pra onde vai a lua de dia?” – e lá vai você, um adulto, formado, com uma carreira, se pegando em debates existenciais com um ser humano que ainda não consegue alcançar a pia sem uma cadeira. você tenta dar respostas coerentes, mas no fundo sabe que ele já te venceu só pela pergunta. você não tem saída.

mas, aí vem a parte cruel: no meio dessas birras, dessas discussões sem sentido sobre a cor do copo ou por que ele não pode usar botas de chuva em dias de sol, surge aquele momento. ele te olha, sorri com aqueles olhos brilhantes, te abraça e diz, “você é o melhor pai do mundo”. e pronto. é um soco direto no estômago, de tão genuíno. você, que passou o dia inteiro resistindo ao caos, tentando manter alguma aparência de controle, se desarma por completo. porque é nesse momento que você percebe que, por mais insano que seja, não tem nada melhor no mundo.

paternidade não é sobre ser o chefe. não é sobre ditar regras ou manter a ordem. é sobre abraçar o caos, aceitar que você vai passar os próximos anos sendo desafiado, desconstruído e reconstruído por uma criança que te vê como uma mistura de herói e companheiro de viagem. e, acredite, você vai aprender muito mais com ele do que ele jamais vai aprender com você.

no fim das contas, ser pai é a única aventura que te deixa exausto, confuso, emocionalmente destruído e, ainda assim, estranhamente feliz. porque, no meio desse mar de negociações insanas e perguntas impossíveis, você se dá conta de que tá criando um ser humano que te faz questionar tudo, rir das coisas mais absurdas e, de alguma forma, encontrar beleza no caos. é um inferno delicioso e a única coisa que você jamais trocaria.

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2024

um manifesto sobre salas de esperas escrito em uma sala de espera

ah, o clima de uma sala de espera. não tem nada mais sufocante do que aquela combinação precisa de silêncio forçado e inquietação mascarada. ninguém ali está confortável, mas também ninguém ousa mostrar. é uma dança estranha, onde todo mundo finge que está tudo bem, enquanto cada segundo te deixa um pouco mais perto de arrancar os cabelos. você entra com pressa, mas em questão de minutos o lugar já te engole, e de repente, o tempo parece que foi sugado para um buraco negro de indiferença.

as pessoas? elas parecem zumbis. olhos vidrados, corpos imóveis, como se o simples ato de existir ali drenasse toda a energia vital. uns mexem no celular, mas sem real interesse. só deslizam os dedos de um lado pro outro, como se estivessem tentando hipnotizar a si mesmos. outros encaram o nada, aquele olhar perdido que diz “eu não pertenço a esse lugar”, mas ao mesmo tempo sem vontade de fazer qualquer coisa a respeito. e sempre tem aquele barulho irritante de alguém folheando uma revista velha, tentando parecer ocupado com algo que nem vale o papel em que foi impresso.

ninguém conversa, porque falar implicaria em reconhecer que existe vida nesse ambiente morto. todo mundo prefere se isolar na própria bolha de desconforto silencioso. e há uma regra não escrita de que você deve evitar qualquer tipo de interação humana. olhares são trocados, mas rapidamente desviados. ninguém quer ser lembrado que está vivendo o mesmo inferno. então, cada um finge que está imerso no próprio mundinho, enquanto a tensão cresce, espessa como fumaça invisível no ar.

e o mais absurdo é que todos aceitam isso como parte da vida. é como se fôssemos treinados desde cedo para sermos bons cidadãos de salas de espera, mantendo a compostura, mesmo quando por dentro estamos gritando. aquele clima de falsa civilidade, onde você reprime todo e qualquer desejo de surtar, porque surtar em público? deus me livre. então, você segue, educadamente sufocando na própria ansiedade, em meio a uma multidão que faz exatamente o mesmo.

no fundo, o clima da sala de espera não é só de espera — é de rendição. você já sabe que está condenado a ficar ali por um tempo indeterminado. o tempo parou, mas a sua ansiedade está em alta rotação. e tudo isso acontece num silêncio tão opressor que o simples som de alguém trocando de posição na cadeira soa como um alarme. é o peso da expectativa, da inércia coletiva, do saber que, por um tempo, você e todos os outros estão presos numa espécie de limbo.

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2024

aos restaurantes sem cardápio físico

ah, os famigerados cardápios digitais. a grande “inovação” da modernidade. porque, obviamente, segurar um pedaço de papel e ler o que o restaurante oferece é arcaico demais, certo? não, agora você precisa ser tecnicamente proficiente, um verdadeiro hacker, para simplesmente descobrir o que pode comer. nada diz “bem-vindo” como sentar e ser imediatamente obrigado a abrir o celular, procurar o aplicativo de câmera, escanear um código e navegar por um site que, com sorte, não vai travar. é como um ritual de iniciação na era digital, só que você não pediu para fazer parte.

quer dizer, você sai de casa, teoricamente para desconectar, e a primeira coisa que te obrigam a fazer é conectar. genial. você só queria comer um hambúrguer, mas agora tá ali, lutando contra a tela do seu celular, com o brilho no máximo, enquanto tenta decifrar se aquele prato embaixo de uma foto pixelada é mesmo o que você acha que é. claro, porque os restaurantes agora também se esqueceram de como fazer um site decente. o que temos são cardápios que mais parecem um powerpoint mal feito do ensino médio, onde você precisa dar zoom para ler e rezar para não clicar em algum botão que te faça voltar para a página inicial.

mas o que realmente me mata é a pretensão por trás disso. eles chamam de “modernidade” e “sustentabilidade”, mas no fundo, é só uma desculpa barata para cortar custo e te fazer carregar mais uma responsabilidade. afinal, pra que gastar com um cardápio impresso bonito, algo que você realmente pode tocar, sentir, ler com tranquilidade, se você pode jogar toda essa responsabilidade nas suas mãos? porque é isso que está acontecendo: eles transferiram o esforço pra você, sem baixar o preço, claro. ah, e que tal o toque final? depois de todo esse caos digital, o wi-fi do lugar é uma piada e seus dados móveis nem funcionam direito. agora você tá ali, sentado, com cara de idiota, tentando descobrir o que está disponível, enquanto o garçom te olha com aquele sorriso falso de “desculpa, só assim que a gente faz agora”.

e o melhor de tudo? não melhora a sua experiência nem um pouco. não é mais rápido, não é mais prático. é só uma maneira preguiçosa e impessoal de cortar a interação humana e transformar uma refeição em mais um item da sua interminável lista de tarefas diárias digitais. então, parabéns, agora até para escolher o que você vai comer você tem que estar plugado no sistema. e, claro, o restaurante ainda vai fingir que está te fazendo um favor. absolutamente brilhante.

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2024

ideias roubadas

então, roubaram sua ideia no trabalho e passaram por cima de você. ótimo. bem-vindo ao mundo real, onde todo mundo está ocupado demais tentando subir na carreira pra perceber que o que realmente sobrou foi um monte de almas vazias, se arrastando com ideias recicladas. e aí, depois de um tempo, você simplesmente para de se importar. por que? porque você percebe que o jogo nunca foi justo e, sinceramente, quem disse que deveria ser?

esses gênios que passam a perna, pegam sua ideia e saem por aí mostrando como se fosse o troféu de uma corrida que eles nem correram, são o que há de mais previsível nesse cenário. eles não estão preocupados em criar algo bom, em fazer um trabalho decente. eles só querem uma medalhinha de participação e, claro, você tá ali, no caminho deles, com algo que eles nunca terão: autenticidade. e o que eles fazem? claro, copiam. pegam. tomam pra si e acreditam que isso vai ser suficiente.

mas aqui está o segredo que eles nunca entenderam: não é sobre a ideia. é sobre a execução. sobre o processo. você pode até roubar o rascunho de um gênio, mas sem a cabeça dele, o que você tem? nada. uma casca vazia. e enquanto eles estão ocupados comemorando a vitória, você já tá em outra, porque quem cria de verdade nunca para. você tá sempre pensando na próxima coisa, enquanto esses ladrões ficam agarrados à única ideia que conseguiram roubar, tentando tirar algum brilho de uma lâmpada que já queimou.

e aí você se dá conta de que não precisa mais ficar puto. eles podem ter levado a sua ideia, mas nunca vão conseguir roubar o que te faz diferente. isso não se pega, não se compra, não se rouba. é algo que ou você tem, ou você passa a vida inteira fingindo que tem, esperando que ninguém perceba a fraude. então, que fiquem com o que roubaram. você já está criando algo novo enquanto eles estão lá, tentando descobrir como diabos transformar o que pegaram em algo remotamente interessante.