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2024

aí as listas…

ah, essas listas. sempre as listas. a vida é curta, faça isso, faça aquilo, como se a solução para toda a complexidade de existir estivesse resumida a pequenos gestos de uma página do pinterest. nada contra. de verdade. só que, sabe… eu acho que a gente merece um pouco mais de profundidade do que “use um chapéu” como fórmula mágica para aproveitar melhor o tempo que resta.

“pule em vez de andar”. sério? ok, vamos ser honestos. se você quiser pular pela rua, como uma criança que acabou de ganhar uma bola de sorvete, quem sou eu para dizer que está errado? mas, cá entre nós, talvez a mensagem aqui seja sobre se permitir quebrar a rotina. só que ninguém te conta que, às vezes, a rotina não é o vilão. a verdadeira coragem está em encarar a vida como ela é, não em se distrair com esses pequenos saltos.

“coma algo diferente”. bem, vou admitir que pode ter seu valor. mas “algo diferente” não vai, por si só, redefinir sua existência. quer realmente experimentar algo novo? abra espaço para uma nova perspectiva, para uma forma diferente de encarar o mundo. porque, no fim do dia, comer um prato tailandês que você nunca provou pode até ser interessante, mas a verdadeira aventura está em deixar seus preconceitos de lado, não em trocar de restaurante.

“pegue um caminho errado”. essa é boa. claro, há valor em se perder, em explorar o desconhecido, mas vamos ser realistas: não é todo dia que você pode largar tudo e simplesmente vagar por aí esperando que o universo lhe mostre algo revelador. mas, quem sabe, da próxima vez que a vida te empurrar por um caminho que não planejou, ao invés de lutar contra, você possa simplesmente seguir o fluxo. porque o verdadeiro “caminho errado” é achar que há apenas um jeito certo de viver.

“suba em uma árvore”. bom, a menos que você seja uma pessoa realmente inclinada à natureza, isso parece mais uma receita para um tornozelo torcido do que para um momento transcendental. mas, olha, se escalar uma árvore é o que falta para te fazer sentir vivo, vá em frente. só não espere que isso resolva a crise existencial que você anda empurrando com a barriga. a árvore, coitada, não vai te oferecer respostas.

“encontre pessoas que você normalmente não sairia”. ok, aqui eu vou ter que ceder um pouco. porque sim, sair da bolha é necessário. mas, de novo, não é só sobre encontrar alguém “diferente”. é sobre realmente ouvir o outro, com abertura e curiosidade genuína. e, honestamente, isso dá mais trabalho do que parece. se fosse fácil, todo mundo já estaria fazendo, ao invés de só sair para tomar um café com alguém que vai passar mais tempo falando do que escutando.

e por último, “assista ao pôr do sol”. romântico, né? e totalmente válido. mas, me diga, quantos pores do sol você precisa ver antes de perceber que o verdadeiro pôr do sol acontece dentro de você? a vida não se resume a momentos bonitos que você captura com o celular para postar no instagram. a beleza real está em viver os momentos, na consciência de que, sim, o tempo está passando – e isso é aterrorizante e lindo ao mesmo tempo.

no fim, essas listas têm uma certa doçura, eu admito. só que a vida não é doce o tempo todo. às vezes, ela é amarga, áspera, confusa, frustrante. e isso não vai mudar se você sair de casa de chapéu ou decidir pintar um quadro num sábado à tarde. a verdadeira chave não está nas atividades, mas na forma como você se joga na experiência. viver intensamente não é só sobre fazer mais coisas, mas sobre se permitir sentir mais, errar mais, se abrir mais.

então, vai lá, comece a lista. pule, coma algo novo, ligue para um velho amigo. mas faça tudo isso com a consciência de que a vida não vai se transformar magicamente num filme indie com trilha sonora de fundo. e talvez seja justamente isso o mais bonito: que no meio de tanta simplicidade, entre uma árvore e um pôr do sol, a vida vai acontecendo, cheia de imperfeições – e é exatamente assim que ela deve ser.

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2024

makers

olha, não é complicado. pare de fingir que tem um plano genial e só começa. todo mundo adora essa ideia de ser criativo, de fazer algo grandioso, mas sabe o que a maioria faz? fica sentado esperando a hora perfeita. e deixa eu te contar uma coisa: a hora perfeita nunca vai chegar. nunca. o grande segredo da vida criativa? começar sem saber aonde diabos isso vai dar.

a vida não vai esperar você estar pronto. a criação não vai cair no seu colo. você tem que levantar e fazer, de qualquer jeito, com qualquer coisa que estiver à mão. não importa se vai ser um desastre. o desastre, aliás, é o começo de algo bom. o pior que pode acontecer? você acaba com uma história incrível pra contar sobre como tudo deu errado. e, francamente, não é pra isso que estamos aqui?

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2024

reuniões

ah, o ciclo infinito das reuniões. essa bela invenção que transforma dias úteis em um mosaico interminável de convites no calendário. já percebeu que não sobra tempo para mais nada? quer dizer, o que costumava ser uma oportunidade para resolver problemas ou, sei lá, trabalhar de verdade, virou um labirinto de reuniões que não levam a lugar algum. no meio disso tudo, a coisa mais rara do mundo corporativo se perde: o tempo livre. aquele espaço sagrado onde a mente respira, cria, onde você pode simplesmente… pensar.

sim, pensar. lembra disso? é algo que fazíamos antes das reuniões invadirem cada centímetro do nosso dia. esse tempo ocioso, que os gurus da produtividade condenam, é o que realmente importa. porque é nesse espaço que as boas ideias aparecem, que as soluções vêm à tona, que a criatividade flui. mas quem tem tempo pra isso hoje? ninguém mais. o ócio criativo foi substituído por reuniões de “brainstorming”, onde todo mundo finge ser inovador, mas sai de lá com a cabeça mais vazia do que entrou.

e é claro, não adianta fugir. você tenta bloquear um tempinho na agenda, só para ver ele rapidamente ser tomado por mais uma reunião “urgente”, “estratégica” ou “para alinhamento”. e o que deveria ser o espaço para o novo, para o inesperado, é engolido por essa máquina de fazer nada chamada reunião. se aristóteles estivesse vivo, provavelmente estaria em uma call interminável sobre a necessidade de mais calls.

e o resultado disso? estamos sempre ocupados, mas nunca produtivos. o tempo pra criar, pra refletir, pra se perder em pensamentos sem direção, tudo isso foi sacrificado no altar das reuniões. vivemos uma ilusão de trabalho, onde estar em uma reunião é sinônimo de fazer algo. mas no fundo, sabemos que as melhores ideias não nascem em uma sala de conferências ou em uma videoconferência de uma hora. elas surgem no silêncio, na pausa, no ócio — naquele momento em que sua mente finalmente se liberta das demandas do dia.

mas quem tem tempo pra isso hoje?

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2024

me libertei

então, eu parei. decidi tirar um sabático dessa corrida patética atrás do próximo gadget brilhante que promete mudar minha vida – spoiler: não muda. cansei de viver nesse ciclo interminável de “obsolescência planejada”, onde cada lançamento é tratado como o segundo advento de cristo e, na real, é só um truque sujo pra te fazer sentir que o que você tem é lixo. ah, obsolescência planejada… que conceito brilhante, hein? quase poético. as empresas criam dispositivos já com a data de expiração embutida. genial. fazem você acreditar que seu celular de dois anos atrás – que funcionava perfeitamente ontem – de repente se tornou um tijolo imprestável porque, claro, agora ele não tem a câmera ultra-super-mega-wide que faz você parecer 2% menos miserável no instagram.

mas, sabe de uma coisa? eu cansei de ser refém disso. cansei dessa pressão ridícula de ter que estar na crista da onda tecnológica, como se cada novo lançamento fosse me fazer uma pessoa melhor, mais produtiva, mais conectada. como se o último modelo de celular fosse me revelar o segredo da felicidade enquanto eu desbloqueio a tela com o olhar, porque, aparentemente, usar os polegares se tornou primitivo.

então eu fiz a única coisa sensata: parei. desacelerei. olhei pro que já tinha nas mãos e pensei, “mas que diabos eu estou fazendo?” meu telefone ainda faz ligações. ainda manda mensagens. ainda tira fotos ótimas, e honestamente, se eu preciso de uma câmera com resolução absurda pra registrar cada momento da minha vida, talvez o problema seja eu, e não a qualidade da imagem. meu laptop, com seus arranhões e marcas de guerra, ainda me entende como ninguém, escreve minhas baboseiras sem travar. ele e eu, a gente tem história, um relacionamento real, não esse caso de uma noite que eles querem que eu tenha com o próximo lançamento.

e, olha, não é uma questão de nostalgia barata. não estou aqui glorificando o passado como um velho ranzinza que se recusa a mudar. é sobre perceber que esse frenesi de “inovação” é uma fraude. inovação de verdade é fazer algo durar, não substituir algo perfeitamente funcional só porque tem um modelo novo na vitrine. é quase como uma epifania. eu fui feito de otário por tempo demais.

então agora, eu curto meus gadgets “antigos” como quem saboreia um bom vinho que envelheceu bem. sem a pressão do próximo grande evento de tecnologia. sem o medo de ficar “pra trás”. porque, no fundo, a grande sacada é que a única coisa que realmente fica obsoleta nessa história toda é essa ideia absurda de que você precisa do último lançamento pra ser relevante.

parei de cair nessa. e sabe de uma coisa? é libertador.

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2024

para minha personal

deixa eu começar logo dizendo: eu reclamo, sim. reclamo do peso, reclamo dos exercícios, reclamo da dor no dia seguinte, reclamo do horário, da quantidade de séries e até do clima, se for o caso. mas, por algum motivo inexplicável, continuo voltando. é quase como um relacionamento tóxico… mas, ao contrário de outros, esse aqui é ótimo pra minha saúde. vai entender.

treinar com você é tipo entrar num daqueles filmes de guerra onde o sargento grita na sua cara enquanto você rasteja na lama com uma mochila de 50kg nas costas. ok, talvez eu esteja exagerando um pouco. mas, na hora, juro que parece isso. tem aqueles momentos clássicos em que eu penso: ‘por que raios estou fazendo isso comigo mesmo?’ a resposta, claro, é que você sabe exatamente como me tirar da zona de conforto – e que, no fundo, eu adoro.

cada agachamento que você faz parecer fácil é uma pequena tortura pra mim, mas também é um lembrete de que, sem você, eu provavelmente estaria em casa comendo pipoca e inventando mil desculpas. a cada série que você ajusta, pensando ‘é só mais um pouquinho’, eu penso: ‘é isso. vou morrer agora.’ e sabe de uma coisa? ainda bem que não morri. porque, por mais que eu sofra no momento, no final, saio me sentindo melhor. sim, melhor.

reclamar virou parte do meu ritual de treino, faz parte da diversão (se é que posso chamar de diversão). mas, o que ninguém sabe é que, por trás de toda essa reclamação, eu estou incrivelmente grato por todo o trabalho que você faz. por me empurrar quando eu quero desistir, por me lembrar que posso ir além quando meu cérebro já está querendo parar, e por, de alguma forma, me fazer acreditar que levantar aquele peso é, de fato, possível.

então, sim, eu vou continuar reclamando. faz parte. mas só quero que você saiba que, no fundo, eu te respeito pra caramba e aprecio todo o trabalho que você faz pra transformar cada treino em algo desafiador. e quando você me manda fazer mais 10 repetições, pode ter certeza que, internamente, estou xingando. mas também estou agradecendo. porque, no fim das contas, é esse equilíbrio estranho entre adoração e reclamação que me mantém voltando.

e, claro, não vou te dar o gosto de admitir isso pessoalmente, então tá aqui, nesse manifesto. pode continuar me torturando.

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2024

amizades de verdade

amizade de verdade é tipo aquela velha garrafa de whisky que você deixa esquecida no fundo do armário. você não precisa dela todo dia. na verdade, pode passar anos sem sequer lembrar que ela existe. mas quando o momento chega, você abre, toma um gole, e percebe que está melhor do que nunca. é assim que amizades verdadeiras funcionam. não precisam de manutenção constante, likes, comentários ou emojis piscando na tela como luzes de natal fora de época.

na real, o tempo e a distância não são obstáculos. se uma amizade precisa de conversas diárias pra sobreviver, sinto muito, mas talvez seja tão profunda quanto um copo d’água em dia de ressaca. amizade de verdade transcende a quantidade de mensagens trocadas ou encontros no boteco da esquina. você pode passar cinco, dez anos sem ver a pessoa, mas no minuto que se encontram, é como se tivessem parado de falar cinco minutos atrás. não tem aquele climão, aquela sensação de “nossa, faz tanto tempo…”. porque amizade de verdade não conta o tempo, não mede a distância. ela simplesmente existe. e continua lá, firme, tipo aquele hambúrguer que você deixou no carro por dias e, surpreendentemente, ainda parece comestível.

a beleza disso? não há ressentimento, nem culpa. ninguém fica de mimimi porque o outro não deu “oi” na terça-feira às 3h da tarde. é um entendimento mútuo, quase uma irmandade silenciosa. cada um está vivendo sua vida, lidando com suas próprias merdas, mas ambos sabem que, quando precisar, aquele ombro estará lá. sem drama, sem cobrança. amizade de verdade é sobre qualidade, não quantidade. quem precisa de check-ins diários está vivendo numa sitcom, não numa amizade real.

e aí vem o papo das redes sociais… um inferno disfarçado de paraíso. curtidas, corações, dedinhos apontando pra cima e aquela falsa sensação de conexão. parece que estamos mais perto, mas, na verdade, estamos tão superficiais quanto a profundidade da foto de um pôr-do-sol no instagram. as verdadeiras amizades não sobrevivem de stories ou de maratonas de mensagens no whatsapp. sobrevivem no silêncio confortável da ausência, naquele momento de reencontro em que o tempo parece ter parado, e vocês retomam exatamente de onde pararam.

então, se você tem alguém assim na sua vida, parabéns. você tem mais do que a maioria das pessoas com 5000 amigos no instagram.

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2024

nós

não tem manual ou roteiro pronto que tenha nos preparado pra tudo o que a gente viveu até aqui. a nossa história é feita de muito mais do que os momentos perfeitos que aparecem nas fotos. é feita dos dias difíceis, das discussões que ninguém vê e das reconciliações que só a gente entende. a verdade é que, entre altos e baixos, a gente sempre soube se encontrar. e isso é o que realmente importa. o que construímos não é feito de aparências, é real, de carne e osso.

quando o joão chegou, ele trouxe com ele um novo capítulo que a gente nem sabia que estava pronto pra escrever. ele virou tudo de cabeça pra baixo, nos desafiou e ainda nos desafia todos os dias. mas no meio desse caos todo, ele nos ensina a olhar pra vida de outra maneira. porque ser pai e mãe não é sobre saber tudo, e sim sobre aprender junto, na marra, enquanto a vida vai acontecendo.

não foi só ele que nos mudou, nós também mudamos ao longo do caminho. e não foi de uma forma linear, de crescimento contínuo, mas de tropeços, quedas e levantadas. a gente, como casal, como parceiros, se fortaleceu no improviso, nas tentativas de fazer dar certo, mesmo quando a gente não tinha ideia do que estava fazendo.

e sabe o que mais admiro em nós? é que, mesmo quando tudo parece incerto, a gente se apoia. nunca foi sobre ter todas as respostas, foi sobre a coragem de seguir tentando, de aprender com os erros e de construir algo que fosse só nosso. o joão é parte disso, claro. mas antes dele, era eu e você, buscando nosso lugar nesse mundo.

hoje, quando olho pra tudo o que passamos, sei que nada foi fácil. mas foi real. e isso é o que faz a diferença. o que a gente tem é sólido porque foi forjado no fogo dos dias ruins, dos momentos difíceis, das vezes que quase desistimos e resolvemos continuar e ainda teremos muitas aventuras. e é essa a história que vamos contar pro joão. a de que a vida, o amor, e o que realmente importa, são feitos dos pedaços imperfeitos que a gente decidiu juntar.

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2024

o poder da música

a música tem esse jeito perverso de se infiltrar na sua vida, sem que você perceba. ela não pede licença, ela invade. você pode estar vivendo sua rotina mais banal, e de repente, pá! — lá vem aquela melodia te arrancando da sua zona de conforto e te jogando na cara algum sentimento que você fingia não ter. é como uma emboscada emocional. e acredite, você não tem escapatória. e quer saber? é isso que torna a música algo tão visceral. ela te obriga a lidar com coisas que você tenta enterrar todos os dias. é como aquele amigo que diz a verdade na sua cara, mesmo quando você prefere viver na mentira.

e há algo quase mágico que acontece quando você coloca os fones de ouvido e aperta o play. é como se o mundo à sua volta mudasse de cor, de tom. de repente, as pessoas nas ruas parecem personagens de uma história que você está criando enquanto caminha. aquele dia comum, cinza, ganha uma trilha sonora que faz tudo parecer um pouco mais leve… ou incrivelmente intenso. a música não só mexe com você, mas distorce a realidade ao seu redor. até os passos dos pedestres, o farfalhar das árvores ou o barulho do trânsito parecem entrar em sincronia com o ritmo da batida nos seus ouvidos. é como se, por alguns minutos, você controlasse o cenário, mesmo sem ter controle sobre nada.

a música que você ouvia aos 17 anos, aquela que você achou que tinha deixado pra trás, volta pra te assombrar. não importa se já se passaram décadas. ela ressurge, te joga de volta para a época em que a vida era uma bagunça gloriosa e você achava que sabia tudo. spoiler: você não sabia nada, e provavelmente ainda não sabe. mas, de alguma forma, a música se torna a âncora que te prende a uma versão de você mesmo que, embora distante, ainda existe em algum canto do seu subconsciente.

e quer saber a maior piada disso tudo? a gente se convence de que tem algum controle sobre o que ouve. você pensa que escolhe suas músicas de acordo com o seu gosto, mas a verdade é que a música é quem escolhe você. e, muitas vezes, é aquela faixa brega que toca no rádio enquanto você está preso no trânsito que acaba ficando grudada na sua cabeça o resto do dia. porque é isso que a música faz: ela encontra um jeito de se infiltrar, mesmo nas situações mais ordinárias, e te marca. você não pediu por isso, mas, de repente, lá está você cantarolando uma música que jamais escolheria voluntariamente.

no fundo, a música é anárquica, descontrolada, e por isso ela é uma das poucas coisas na vida que ainda conseguem te fazer sentir algo genuíno. ela não segue regras, não respeita horários, e certamente não se importa com sua necessidade de ordem. enquanto tudo ao nosso redor é uma tentativa patética de colocar as coisas no eixo, de planejar o próximo passo, a música é a prova viva de que a vida — assim como ela — não pode ser domada.

e o mais provocador de tudo? a música é o lembrete constante de que, por mais que você tente, você não está no controle. e quer saber? talvez seja melhor assim.

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2024

quem você é sem seu crachá?

vamos falar sobre isso: o crachá. esse pequeno pedaço de plástico que as pessoas carregam com tanto orgulho, como se fosse uma medalha de honra, um distintivo de quem elas são. é quase patético, pra ser honesto. você não é seu crachá, mas muita gente se ancora nele como se fosse o único sinal de relevância que têm. o nome da empresa estampado ao lado de um cargo pomposo é o que parece dar sentido à vida de muita gente. mas me diz, o que acontece quando você tira o crachá? quando você sai daquele escritório e é só você, sem títulos, sem cargos, sem o peso daquele nome corporativo?

no mundo de hoje, o crachá virou uma espécie de passaporte para o valor pessoal. se você não tem um cargo de chefia ou uma empresa famosa estampada ali, parece que você não tem peso. e isso é simplesmente ridículo. você realmente acha que um título te define? que o fato de você ser gerente, diretor, ou sei lá o quê, é o que determina quem você é no fundo? é essa a medida de sucesso que você decidiu abraçar? porque, se for, preciso te dizer: você está jogando um jogo que, no final, você vai perder. títulos vêm e vão. empresas contratam e demitem. e aí, quando tudo isso acabar, quem é você sem o seu crachá?

a sociedade se agarrou tanto à ideia de que o trabalho é a única coisa que define nosso valor que esquecemos o básico: quem somos além disso? quais são os seus valores? o que você realmente acredita? ou será que você só sabe repetir a missão e os valores da empresa que você trabalha, como se fossem seus? spoiler: não são. o crachá, o cargo, o status… isso tudo é temporário. o que você faz quando essa ilusão desmorona? você consegue se reconhecer no espelho, ou você é só uma extensão da empresa para a qual trabalha?

olha, não me leve a mal. trabalhar é importante, claro. ter uma carreira, crescer, conquistar — isso tudo tem valor. mas se o único valor que você se enxerga está atrelado ao seu crachá, você está vivendo uma vida limitada. uma vida onde sua identidade é terceirizada para um sistema que, no fim, vai te trocar por alguém mais jovem, mais barato, ou simplesmente porque é hora de “reestruturar.” então, por que diabos você está ancorando sua existência nisso?

as pessoas hoje em dia têm essa obsessão por status, por parecer que têm tudo sob controle. se seu cargo é grande, você deve ser importante, certo? errado. ser importante é saber quem você é quando ninguém está olhando. é ter princípios que vão além de um escritório ou de um cheque de pagamento. mas parece que estamos todos hipnotizados por essa corrida por reconhecimento profissional, como se nossa única medida de sucesso fosse o que está impresso naquele maldito crachá.

o mundo é passageiro, e cargos são ainda mais. o que vai restar no final do dia é quem você foi enquanto existiu nesse planeta. e isso, meu caro, não vai estar escrito em nenhum cartão de identificação. então, antes de se agarrar tanto ao seu crachá como se ele fosse a única coisa que te faz relevante, talvez seja hora de se perguntar: quem você é de verdade, sem ele?

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2024

meditar

meditação mudou minha vida, mas não da forma transcendental e zen que as pessoas adoram pregar. você sabe, aquela imagem perfeita de alguém sentado em posição de lótus, olhos fechados, sorriso sereno, como se tivesse alcançado uma paz interior imbatível. nada disso. na verdade, meditação me transformou por pura necessidade — quando você se sente prestes a explodir com a insanidade do mundo moderno, qualquer método de sobrevivência vira uma boia salva-vidas.

a grande piada é que eu sempre achei meditação uma bobagem. a ideia de “esvaziar a mente”? ridícula. minha mente, assim como a sua, não para nem por um segundo. quem é que tem tempo para isso? é um clichê moderno, tipo aquela coisa do “autocuidado”, que no fundo serve mais para te vender um incenso de lavanda ou um app de meditação pago do que para realmente mudar alguma coisa. mas, ironicamente, eu cheguei num ponto em que precisava parar de surtar com as pequenas coisas — porque as pequenas coisas viram grandes coisas quando você está sempre em modo de ataque. então, eu cedi.

comecei devagar, sem expectativas. e sabe qual é o lance? meditação não é sobre ficar zen e flutuar acima dos seus problemas. é sobre lidar com o caos interno. é você sentando e admitindo que sua mente é um circo descontrolado, com palhaços jogando bolas de preocupação, ansiedade e raiva para todos os lados. e aí você assiste esse show de horrores sem tentar consertar nada. parece masoquismo, mas, no final, é libertador. você para de lutar contra a enxurrada de pensamentos e, estranhamente, começa a encontrar clareza no meio da confusão.

e aí, com o tempo, você percebe que está lidando melhor com a vida. não porque magicamente resolveu tudo, mas porque aprendeu a não ser arrastado por cada tempestade mental. as coisas ainda te irritam, claro, mas de um jeito diferente. é quase como se você estivesse de pé, do lado de fora, olhando sua própria reação e pensando: “isso realmente vale a pena?” a maioria das vezes, a resposta é não.

não vou fingir que agora sou um guru iluminado, livre de preocupações mundanas. a verdade é que ainda fico puto com um monte de coisa, e provavelmente sempre ficarei. mas a diferença é que agora eu consigo dar um passo para trás. eu vejo o absurdo na minha própria raiva, no meu próprio drama. e isso, meu amigo, é uma mudança gigantesca.

então, sim, meditação mudou minha vida. mas não daquele jeito calmo e fofinho que você vê nos comerciais de app de mindfulness. mudou porque, no final das contas, me deu a capacidade de ver a bagunça que sou — e não enlouquecer por causa disso.