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2024

estilo

meu estilo não tem nada a ver com moda ou com o que o resto do mundo acha que está “em alta”. se todo mundo está usando, é um bom indicativo de que eu vou fazer o oposto. e não é porque eu quero ser diferente, é porque eu simplesmente não ligo para essa necessidade desesperada de aprovação coletiva. moda é a maneira mais rápida de se diluir na massa. todo mundo tentando ser relevante, mas o que acaba acontecendo? você vira só mais uma pessoa, invisível entre outras.

as pessoas têm essa mania de seguir tendências, achando que isso vai lhes dar algum tipo de valor. como se o último corte de cabelo ou o novo tênis te fizesse de repente mais interessante. desculpa, mas você não vai se encontrar em uma prateleira de loja. se seu estilo depende do que outra pessoa decidiu que está “na moda”, você não tem estilo, você tem uma assinatura de tendências temporárias.

ser autêntico hoje em dia virou um ato de resistência. e não falo só de roupa, falo de como você vive sua vida. seguir o que faz sentido pra você, mesmo que o mundo todo esteja indo na direção contrária, é libertador. não tem a ver com rebeldia ou querer ser “diferentão”, tem a ver com integridade. quem você é, no fundo, não precisa de aprovação, muito menos de um selo de “tendência aprovada”.

a real é que seguir tendências não te faz ser cool, te faz ser previsível. o mundo pode tentar te empurrar essa ideia de que você precisa de algo externo pra se definir. mas vou te dizer uma coisa: estilo não tem a ver com o que você veste ou compra. tem a ver com atitude. com saber o que você quer e não estar nem aí se isso está no radar dos outros.

enquanto o resto do mundo tá preso nesse ciclo de consumo desenfreado, eu fico aqui, na minha, escolhendo o que realmente importa pra mim. e sabe de uma coisa? não trocaria isso por nenhuma tendência passageira.

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2024

eu não tenho pauta

eu não tenho uma pauta, não estou aqui com uma agenda escondida. não sou desses que precisa empurrar uma causa, uma narrativa perfeita. o que eu tenho é um ponto de vista — e, convenhamos, ele muda o tempo inteiro. porque se tem uma coisa que a vida me ensinou, é que quanto mais você aprende, mais percebe o quanto estava errado antes. mas parece que, para muita gente, admitir isso é pedir demais.

e o mais engraçado? quem vive preso a uma pauta, como se fosse um dogma, acha que isso é força, acha que isso é coerência. como se segurar firme em uma ideia, mesmo quando o mundo ao seu redor está desmoronando, fosse alguma espécie de virtude. se você ainda não percebeu, coerência em excesso é teimosia disfarçada. é medo de parecer vulnerável. é medo de admitir que o mundo é um lugar muito mais caótico do que a sua mente controladora consegue processar.

a vida não espera você decidir se vai segurar sua bandeira ou mudar de opinião. ela simplesmente acontece. e enquanto muita gente está por aí gritando suas pautas, eu prefiro observar. prefiro ouvir. prefiro mudar de ideia quando faz sentido. porque, no fundo, é a flexibilidade que salva você de se afundar em suas próprias certezas.

a ironia é que as pessoas que mais pregam a importância de ter uma “pauta” são, geralmente, as que menos conseguem lidar com a complexidade da realidade. elas acham que ter um ponto de vista fixo as protege da bagunça. mas a verdade? a bagunça vai engolir você, não importa quantas pautas você defenda. e enquanto isso, eu estou aqui, mudando, evoluindo, admitindo que não sei de tudo — e isso me faz muito mais forte do que quem vive preso a uma ideia ultrapassada.

no fim do dia, as pessoas que insistem em ter uma pauta, uma agenda fixa, só estão tentando se convencer de que têm controle. e a maior piada é essa: controle é uma ilusão. então, se você tá aí, segurando firme sua pauta como se ela fosse te salvar de alguma coisa, boa sorte. eu prefiro a liberdade de me contradizer, de aprender com o caos, de não ter todas as respostas — e, honestamente, de ser muito mais interessante por causa disso.

meu ponto de vista? ele muda a cada segundo, e, se você não tá disposto a fazer o mesmo, talvez o problema não seja a falta de coerência dos outros. talvez o problema seja sua incapacidade de sair da bolha onde você mesmo se trancou.

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2024

here and now

tatuei here and now no meu pulso porque, sejamos honestos, a gente vive perdendo tempo. não estou falando só do futuro, aquela ilusão de “quando eu tiver tudo resolvido, aí sim vou viver”. estou falando também do passado – aquela bagunça nostálgica que a gente gosta de reviver, como se pudesse corrigir erros ou, quem sabe, fazer as coisas de outro jeito se voltássemos no tempo. spoiler: você não vai.

o passado é bagunçado, cheio de arrependimentos, erros, e, se forçar a barra, até algumas boas memórias. mas o que as pessoas esquecem é que o presente é igualmente bagunçado, só que com uma diferença crucial: ele é o único lugar onde você pode fazer alguma coisa. o que aconteceu já foi, e o que vem depois… bem, boa sorte tentando prever. você pode ficar planejando e imaginando como tudo vai se desenrolar, mas a realidade vai te dar um tapa na cara quando menos espera.

esse here and now no pulso é um lembrete pra mim mesmo, porque sou tão bom quanto qualquer outro em me distrair com tudo, menos o momento atual. a gente adora esse conceito de viver no presente, mas na prática? estamos sempre pensando em como consertar o que já passou ou em como vamos melhorar o que vem depois. e no meio disso tudo, o agora – que é onde a vida realmente acontece – passa despercebido.

e é por isso que a tatuagem está lá: pra me lembrar que essa busca incessante por perfeição, por “consertar o passado” ou “controlar o futuro”, é uma piada cósmica. a vida é um caos contínuo, sem aviso prévio e sem roteiro. o passado é confuso e o futuro é incerto, mas o presente? o presente é a única coisa que você pode realmente experimentar. se não parar pra prestar atenção, vai acabar desperdiçando a única coisa que tem, enquanto tenta resolver as coisas que já foram ou que nem chegaram.

então, toda vez que eu olho para o meu pulso, é um lembrete brutal de que a vida não vai esperar eu estar pronto. o passado está feito, o futuro é uma incógnita, e o here and now? bem, é melhor você se ligar nele antes que ele também vire só mais uma memória bagunçada.

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2024

meu manifesto para as mulheres

para todas vocês que, em algum momento, ouviram que deviam “se conter”, “ser mais sutis” ou simplesmente “não incomodar”. vamos deixar uma coisa clara: o problema nunca foi você. o problema é que o mundo não está acostumado a mulheres que não pedem permissão, que não abaixam a cabeça e que, acima de tudo, sabem o valor que têm. e isso? isso incomoda. porque, sejamos honestos, o que mais aterroriza essa sociedade é uma mulher que não precisa de validação alheia para ser quem é.

eles sempre vão tentar te diminuir, te convencer de que você é “intensa demais”, que deveria falar mais baixo, sentar mais direita, ser “mais delicada”. e por quê? porque é conveniente para eles. porque uma mulher que toma o controle, que lidera com firmeza e que sabe o que quer, é uma ameaça direta a todo o sistema que foi montado para manter as coisas do jeito que são. mas aqui vai o segredo: você não precisa jogar esse jogo.

quem foi que disse que você precisa seguir essas regras? que o caminho para o sucesso tem que ser o deles? na verdade, as regras foram feitas para ser quebradas. e você está aqui para isso. porque, enquanto eles gastam horas tentando te encaixar em um molde, você já está redefinindo tudo. e isso não é só sobre o seu sucesso pessoal. é sobre abrir portas para todas as outras que vêm depois. porque quando uma mulher vence, ela não vence sozinha. ela puxa todo um exército com ela.

vamos falar sobre liderança, então? não é sobre ser a chefe mais simpática, a mais “aceitável” aos olhos dos outros. é sobre ter visão, coragem e força de caráter para tomar decisões difíceis e, sim, impopulares. e o que você faz com isso? você avança. porque, no final, o que realmente importa é a habilidade de se manter fiel a si mesma, independentemente do que o resto do mundo acha.

então, aqui está: não peça desculpas. não se minimize. e definitivamente, definitivamente, não abaixe o tom de voz. se ser forte, determinada e implacável é o que vai te levar aonde você quer, então seja tudo isso. e mais. porque, enquanto eles ainda estão tentando entender como lidar com sua força, você já estará longe – quebrando padrões, desafiando expectativas, e deixando o mundo um lugar muito mais interessante para todos nós.

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2024

faça o que você ama e nunca terá que trabalhar um dia na sua vida

se você quer matar sua paixão, transforme-a no seu trabalho. sério, essa ideia de “faça o que você ama e nunca terá que trabalhar um dia na sua vida” é a maior falácia que bilionários e coaches de palco já empurraram goela abaixo da galera. é bonito no papel, mas na prática? bem, prepare-se pra odiar aquilo que você costumava amar. porque a verdade é que quando o dinheiro entra na equação, tudo muda. a pressão, os prazos, os clientes que não entendem nada mas acham que sabem mais que você – tudo isso vai lentamente transformando aquela coisa que você fazia com tanta paixão em uma tarefa tediosa e estressante.

o problema é que ninguém te conta o outro lado dessa moeda. eles só mostram os bilionários sorridentes, falando de “sucesso” enquanto te vendem a ilusão de que você só não conseguiu ainda porque não seguiu o método deles. mas a real é que, quando o que você ama se torna o que você depende para pagar as contas, o brilho vai sumindo. de repente, aquela paixão vira uma obrigação, e a diversão que existia ali? morreu.

já viu um músico que começou tocando por amor, mas que agora passa horas criando jingles genéricos pra anúncios de margarina? ou o fotógrafo que adorava capturar momentos, mas agora precisa fazer sessões intermináveis de fotos de produtos que nem se importa? isso é o que acontece quando sua paixão vira trabalho. o peso de ter que entregar algo, de ter que gerar resultado, transforma o que era leve em algo sufocante. e, se você não tomar cuidado, a paixão se transforma em ressentimento.

é claro que tem gente que vai dizer que é possível equilibrar as duas coisas. e, pra ser justo, talvez seja. mas, na maioria dos casos, o que acontece é que você acaba moldando sua paixão para atender às necessidades dos outros, e não às suas próprias. e aí, o que era algo que te fazia feliz, que te dava prazer, vira mais uma tarefa na sua lista de coisas que você precisa fazer para sobreviver.

então, se você ama algo de verdade, proteja isso. mantenha longe do capitalismo selvagem e da corrida desenfreada por lucro. faça por prazer, não por obrigação. porque, no momento em que você transforma sua paixão em trabalho, você abre a porta para que ela se torne só mais uma coisa que te desgasta. e aí, amigo, já era. o amor morre.

então, se você quer continuar amando aquilo que faz, pense duas vezes antes de seguir o conselho dos coaches de instagram. manter sua paixão longe do peso do “preciso pagar minhas contas com isso” pode ser a melhor coisa que você faz.

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2024

você é você?

como espectador da vida, eu me importo com o que é real – com as pessoas que mostram suas falhas e inseguranças, que perdem o chão e mesmo assim encontram uma forma de seguir em frente. gente que não está tentando te vender uma versão filtrada e perfeita de si mesma, porque, sejamos honestos, perfeição é uma ilusão. e uma ilusão bem chata. ninguém vive isso, e quem tenta viver assim está se enganando e, pior, enganando todo mundo ao seu redor.

passei muito tempo tentando ser essa versão perfeita, aquela que atendia às expectativas de todos, me moldando a um ideal que, no fundo, nem acreditava. e, claro, o resultado disso? desgaste. cansaço mental e emocional de tentar ser algo que simplesmente não faz sentido. no fundo, a gente sabe que não é assim, que a vida é uma bagunça. e tudo bem, porque é nessa bagunça que a gente se encontra. e quanto mais cedo você para de correr atrás dessa perfeição inútil, mais fácil fica se aceitar como é e – surpresa! – as pessoas também começam a te aceitar assim.

o mais engraçado (e libertador) é que, ao deixar de lado essa máscara da perfeição, as expectativas mudam. as pessoas começam a te ver como você é: falho, imperfeito, humano. e, com isso, vem uma leveza que eu jamais esperava. de repente, não preciso mais carregar o peso de agradar todo mundo ou de manter uma imagem que nunca foi minha. ser autêntico, ser eu mesmo, me deu a liberdade de errar, de me reinventar, de ser quem eu realmente sou.

e hoje, quando alguém me conhece, já sabe o que esperar: não vou me encaixar em moldes, não vou seguir roteiros, e definitivamente não vou fingir que tenho tudo sob controle. e sabe o que é o melhor disso tudo? quem fica, fica porque valoriza o que sou de verdade, sem filtros, sem máscaras. porque, no fim do dia, não importa o quanto você tente parecer perfeito – a verdade sempre aparece. e quando ela aparece, é melhor que você já esteja confortável com quem realmente é.

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2024

quintessencial

quintessencial. não é um conceito que você vai ver estampado em vitrines, nem viralizando em redes sociais. porque, francamente, ninguém quer admitir que a gente vive em um mundo cheio de coisas inúteis, descartáveis e sem alma. vivemos na era do “mais”, mas o que realmente vale é o “menos”. e não é qualquer “menos”, é o essencial, o que importa, o que fica depois que você tira todas as camadas de superficialidade.

tudo hoje é projetado pra ser substituído em dois anos. e sabe o que é pior? a gente compra essa ideia. caímos nessa armadilha. quem nunca ficou empolgado com o novo modelo de celular que tira fotos “melhores” que o último, só pra descobrir, dois meses depois, que nem se importa mais? estamos sempre em busca do mais novo, do mais rápido, do mais conectado, mas a verdade é que o que realmente importa são as coisas que ficam. as coisas que contam uma história. as coisas que sobrevivem ao tempo, e que, de alguma forma, nos lembram que estamos vivos.

meu relógio de corda, por exemplo, não monitora minha pressão arterial e não me avisa quando eu tenho que me levantar da cadeira. mas toda vez que eu dou corda nele, lembro que o tempo não é uma coisa que a gente pode controlar. ele passa, sim, mas somos nós que decidimos como vamos vivê-lo. e esse relógio? ele vai estar no meu pulso daqui a dez, vinte, trinta anos, enquanto os smartwatches de hoje vão estar esquecidos numa gaveta qualquer.

o mesmo vale pro meu canivete suíço. ele não é um gadget da moda, não faz “hype” no instagram, mas quando eu preciso dele, ele faz o trabalho – e faz bem. porque, no fim das contas, é disso que se trata o quintessencial. é aquilo que faz o que precisa ser feito, sem barulho, sem estardalhaço. é o que te serve, não o que te distrai.

mas aí vem a pergunta: quantas coisas na sua vida são assim? quantas dessas tralhas que você acumula realmente têm algum valor duradouro? a verdade é que a maioria das pessoas está tão ocupada em consumir, que não para pra pensar no que realmente importa. seguimos a manada, comprando o que nos dizem que precisamos, mas raramente paramos pra considerar o que realmente faz diferença.

e sabe o que mais? o que é quintessencial não é só sobre objetos. é sobre experiências, sobre pessoas, sobre o que você escolhe levar com você na jornada. o resto? o resto é barulho, distração, porcaria que vai ser descartada assim que o próximo lançamento brilhante aparecer.

então, se tem uma coisa que aprendi, é que menos é sempre mais. o que é feito pra durar vale infinitamente mais do que o que é feito pra brilhar por um segundo. e é isso que eu quero pra minha vida: menos coisa, mais essência. menos distração, mais significado. porque, no fim das contas, o que realmente importa é o que vai sobreviver ao tempo. o resto, meu amigo, é só ruído.

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2024

linha tênue

hoje em dia, parece que estamos todos caminhando em cima de uma linha tênue, prontos para explodir ao menor empurrão. uma palavra fora do lugar, um comentário atravessado, e pronto – o caos. não é que a sociedade esteja apenas estressada, cansada e exausta. é mais do que isso. estamos à beira de um colapso emocional, como se a vida moderna tivesse sugado o último resquício de paciência e civilidade. e o que é mais assustador? não só perdemos o respeito uns pelos outros, como agora provocamos ativamente, só pra ver o circo pegar fogo.

hoje, o respeito virou um artigo de luxo. as pessoas não só deixaram de respeitar umas às outras; elas passaram a provocar ativamente, só para ver até onde conseguem levar a discussão, até quando podem empurrar alguém até o limite. é como se vivêssemos em uma constante competição de quem explode primeiro. cada interação é uma oportunidade de se impor, de gritar mais alto, de humilhar o outro, como se a vitória fosse estar certo a qualquer custo, mesmo que isso signifique passar por cima de qualquer traço de humanidade.

lembra quando as pessoas ainda conseguiam discordar sem se matar verbalmente? quando existia um espaço para ouvir o outro, mesmo que não concordássemos? parece que esses dias acabaram. agora, tudo vira uma briga, uma luta por superioridade moral. e nas redes sociais? esquece. é um campo minado de egos inflamados, todos prontos para detonar o próximo que ousar ter uma opinião diferente.

e, ironicamente, enquanto todo mundo está tentando impor suas opiniões, ninguém realmente se importa com o que o outro pensa. não existe mais diálogo, só uma guerra de monólogos. não é à toa que o respeito foi pelo ralo. a verdade é que estamos mais preocupados em provocar, em testar os limites, do que em encontrar qualquer ponto de entendimento. é mais fácil atacar, ridicularizar e esperar a explosão do outro do que realmente tentar compreender o que está acontecendo do lado de lá.

a realidade é que estamos nos provocando até o limite, e o respeito? bem, ele virou um conceito ultrapassado, quase ridículo, que ninguém mais parece se dar ao trabalho de praticar. a cortesia foi substituída pela necessidade de ter razão, e o resultado disso é um mundo cada vez mais fraturado.

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2024

ócio

o ócio tem uma importância gigantesca, ainda que a sociedade moderna pareça estar em uma corrida louca para eliminá-lo por completo. vivemos em uma era que glorifica o movimento constante, a produtividade incessante e o “fazer” a qualquer custo, como se o valor de uma pessoa fosse medido pela quantidade de tarefas que ela realiza em um único dia. mas a verdade é que o ócio – o tempo livre, aquele em que não se está “fazendo nada” – é fundamental para a nossa saúde mental, criatividade e até mesmo para a produtividade a longo prazo.

pensa comigo: quando foi a última vez que você se permitiu um momento de tédio genuíno? sem mexer no celular, sem uma lista de tarefas, sem preencher cada minuto com alguma distração? a gente subestima o poder do ócio, mas é nesses momentos de pausa que nossa mente realmente tem espaço para vagar, criar, refletir. grandes ideias não surgem quando você está atolado de tarefas, mas quando sua cabeça finalmente pode respirar.

no ócio, você se reconecta com quem é de verdade, sem a pressão de produzir algo o tempo todo. é aquele espaço que te permite absorver o mundo ao seu redor, perceber nuances, refletir sobre o que realmente importa. sem isso, a vida vira uma linha de montagem: mecânica, previsível e, no fim das contas, vazia.

e veja bem, não estou falando de procrastinação. o ócio não é um tempo jogado fora, é um tempo para recompor, para restaurar a mente. é dar à criatividade o espaço que ela precisa para florescer, é o momento em que as melhores ideias surgem, quando você não está forçando nada. é o espaço em que você se desconecta das demandas externas para se reconectar consigo mesmo.

é o momento de não fazer nada que te prepara para fazer tudo. e, sinceramente, numa sociedade que te vende a ideia de que você só vale pelo que faz, é preciso coragem para se permitir o luxo do ócio.

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2024

crianças e telas

crianças e celulares, o casamento disfuncional mais aceito da era moderna. a solução fácil, prática, que todo mundo adota sem pensar muito. o que você faz quando seu filho está dando trabalho? empurra um celular na mão dele, e pronto: problema resolvido. mas a que custo? ah, claro, ele fica quietinho, você respira aliviado, mas mal percebe que, junto com a paz temporária, você tá criando um pequeno zumbi digital, completamente imerso em uma tela, enquanto o mundo real passa lá fora, sem ele.

eu sei, a tentação é grande. é fácil. mas e aí? onde fica a capacidade de inventar, de criar algo do nada? sem um app brilhante, sem um vídeo que grita “assista agora”? com meu filho, mesmo sem brinquedos, a gente inventa: saquinhos de açúcar e adoçante viram carrinhos, palitos de dente são obstáculos, cardápios de restaurante viram pontes e rampas. não precisa de tecnologia pra isso, só de imaginação. mas quem ainda tem tempo pra estimular isso?

o problema não é só as crianças, é claro. nós, os adultos, também estamos presos no mesmo ciclo. pregamos sobre limites, falamos da importância de “desconectar”, mas quantos de nós realmente largamos o celular? quantos de nós nos permitimos um momento de tédio, de estar presente de verdade, sem o impulso de checar notificações? estamos criando uma geração que não sabe o que é esperar, que não sabe o que é criar algo a partir do tédio, porque nós mesmos esquecemos como se faz.

não tô dizendo que o celular é o grande vilão. a tecnologia tem seu lugar, sem dúvida. mas quando ele se torna a primeira e única solução, quando a vida da criança é mediada por uma tela, a gente tá perdendo o que realmente importa. e você? o que tá perdendo ao dar o celular pra calar aquele minuto de birra? a chance de mostrar que dá pra se divertir com qualquer coisa – um palito de dente, um saquinho de açúcar – ou de ensinar que a vida não acontece na velocidade de um clique, mas nos pequenos momentos que a gente constrói juntos.

a questão não é proibir, mas equilibrar. colocar o celular de lado e criar espaço para o improviso, para a criatividade que vem do inesperado. a verdade é que, cada vez que você entrega o celular, está abrindo mão de algo muito maior. algo que não vai voltar tão cedo.