
“menos é mais.” uma mentira tão bem contada, tão repetida, que virou verdade sem nunca ser questionada. dizemos, ouvimos, acatamos… como se fosse um dogma, uma lei universal esculpida em pedra. mas será mesmo? ou será apenas uma desculpa conveniente, uma forma elegante de justificar o desapego, a falta, a renúncia disfarçada de escolha?
pense bem. quando foi que menos realmente foi mais? menos talento é mais genialidade? menos coragem é mais conquista? menos esforço é mais resultado? olhe para qualquer grande feito da história e tente encontrar minimalismo. tente encontrar o “essencial”, a “simplicidade estratégica”. tente dizer que a grandeza nasceu da contenção.
michelangelo não fez um afresco discreto no teto da capela sistina. fez um épico colossal, deitando-se de costas por anos, com tinta escorrendo nos olhos e músculos em agonia. beethoven não escreveu sinfonias enxutas e econômicas… compôs tempestades, quebras de regras, explosões sonoras que atravessam séculos. gaudí não projetou igrejas minimalistas. construiu delírios de pedra que parecem ter sido esculpidos por deuses em transe.
mas aí chega alguém e diz: “menos é mais.” e todo mundo acena com a cabeça, como se fosse verdade. menos é mais… para quem quer que você peça menos. para quem quer que você se contente, que você não exija, que você aceite a versão reduzida daquilo que poderia ser grande. menos é mais para quem quer que você desapareça sem fazer barulho.
então, chega dessa mentira bem-educada. menos é menos. sempre foi. mais é o que move o mundo. mais é o que cria histórias que valem a pena. mais é o que transforma pessoas comuns em lendas. você pode escolher um caminho seguro, compacto, silencioso. ou pode aceitar o que sempre foi óbvio… que quem realmente vive nunca se contenta com pouco.
e é isso que ninguém te conta… que o mundo sempre pertenceu aos que quiseram mais. aos que ignoraram limites, aos que fizeram perguntas incômodas, aos que não aceitaram a primeira resposta. aos que queimaram tudo e começaram de novo. aos que não tiveram medo de parecerem exagerados, intensos, demais.
porque veja bem, a mediocridade adora a moderação. adora o equilíbrio, o “suficiente”, o “bastante bom”. o confortável. mas o que é confortável raramente é memorável. ninguém se lembra do filme que foi “ok”. ninguém recomenda um livro que foi “bem escrito, mas discreto”. ninguém quer ouvir a história da viagem que foi “tranquila, sem surpresas”.
e é isso que o “menos é mais” faz, ele vende a ideia de que a ausência de excessos é uma virtude. que simplificar tudo é um sinal de inteligência. que cortar, reduzir, podar, eliminar é o caminho para uma vida melhor. e pode até funcionar, se sua ideia de “vida melhor” for algo prático, funcional, inofensivo.
mas se você quer algo real? algo intenso, pulsante, profundo? então esqueça essa ladainha de minimalismo existencial. esqueça essa bobagem de que “menos” tem um valor intrínseco. olhe para qualquer coisa que te tirou o fôlego, qualquer experiência que te marcou, qualquer momento que você voltaria no tempo para reviver… nada disso veio do mínimo. veio do máximo. veio do exagero, da bagunça, do detalhe que não precisava estar ali, mas estava.
então, sim, você pode seguir cortando, reduzindo, limpando, otimizando, vivendo com menos. só não se engane… menos é só menos. menos é economia, conveniência, controle. mas nunca foi grandeza. nunca foi inesquecível. nunca foi o que fez alguém virar lenda.